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Aracaju (SE), 03 de novembro de 2025
POR: Marcio Rocha
Fonte: Marcio Rocha
Em: 08/02/2025 às 08:00
Pub.: 07 de fevereiro de 2025

O que, de fato, foi barato no Brasil ao longo dos anos? :: Por Marcio Rocha

Marcio Rocha*

Marcio Rocha - Foto: Arquivo Pessoal

A economia brasileira passou por profundas transformações nas últimas décadas, sendo marcada por ciclos que, em cada período, tornaram diferentes tipos de bens e serviços relativamente baratos e acessíveis. Essas mudanças estão diretamente relacionadas às políticas econômicas, dinâmicas de mercado e contextos globais que moldaram as escolhas de consumo e oportunidades de investimento.

Anos 1980-1990: Imóveis Urbanos Baratos

A década de 1980 foi um período de turbulências econômicas, com inflação galopante — culminando na chamada hiperinflação — e incertezas políticas após a redemocratização. Nesse cenário caótico, ativos reais, como imóveis, eram vistos por muitos como formas de preservar valor. No entanto, mesmo sendo considerados refúgios contra a inflação, os imóveis urbanos estavam relativamente baratos.

Isso ocorreu, em parte, devido ao baixo nível de crédito imobiliário disponível e à instabilidade econômica, que inibia a demanda por moradias. Além disso, políticas urbanas desordenadas e a ausência de uma estrutura clara de financiamento limitavam a valorização imobiliária. Os planos econômicos malsucedidos, como o Plano Cruzado e o Plano Collor, geraram um clima de desconfiança, afastando investidores desse setor.

Anos 2000-2010: Viagens Internacionais Acessíveis

O boom das viagens internacionais para brasileiros durante essa década foi impulsionado por uma combinação de fatores econômicos. Primeiramente, o fortalecimento do real frente ao dólar, especialmente após a implementação do regime de metas de inflação, câmbio flutuante e superávits fiscais nos anos 2000, resultou em uma moeda doméstica valorizada.

Com a estabilização monetária trazida pelo Plano Real (1994) e a crescente abertura econômica, a classe média brasileira experimentou um aumento de renda, o que possibilitou um maior acesso a viagens internacionais. Companhias aéreas internacionais aumentaram suas operações no Brasil, e a entrada de empresas low-cost na região reduziu ainda mais os custos de transporte. Com pacotes turísticos acessíveis e dólar barato, viagens ao exterior, especialmente para destinos como Estados Unidos e Europa, tornaram-se corriqueiras para muitas famílias brasileiras.

Anos 2005-2015: Bens de Consumo e Linha Branca em Alta Acessibilidade

Esse período foi marcado por uma explosão do consumo de bens duráveis e eletrodomésticos, como televisores, geladeiras e máquinas de lavar. A política econômica dos governos dessa fase, com forte incentivo ao consumo interno, reduziu os custos financeiros para a aquisição desses itens.

Programas governamentais, como o Minha Casa Melhor, facilitaram a compra de móveis e eletrodomésticos para famílias beneficiadas por programas habitacionais. O aumento da oferta de crédito ao consumo, a queda das taxas de juros (pelo menos até 2013) e as reduções tributárias específicas para produtos da linha branca também impulsionaram essa tendência. Além disso, a ascensão de uma nova classe média, resultado do crescimento econômico e da política de valorização do salário-mínimo, ampliou o mercado consumidor para esses bens.

Anos 2015-2025: Educação Superior Barata e Acessível

O período mais recente apresenta um fenômeno intrigante: a acessibilidade ao ensino superior. Essa tendência pode ser atribuída a diversos fatores. A expansão das instituições privadas, aliada ao crescimento do ensino à distância (EAD), criou um ambiente altamente competitivo, forçando as universidades a reduzirem suas mensalidades ou oferecerem condições extremamente facilitadas para matrícula.

A revolução digital e o avanço das plataformas de ensino também permitiram que mais estudantes tivessem acesso a conteúdo de qualidade com custos operacionais significativamente menores para as instituições. Além disso, o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) e o ProUni (Programa Universidade para Todos), apesar de algumas mudanças ao longo do tempo, mantiveram a possibilidade de financiamento parcial ou integral de cursos em faculdades privadas.

Outro aspecto crucial foi a desaceleração econômica pós-2015. Com um mercado de trabalho mais restrito, muitos jovens e adultos buscaram na educação uma forma de qualificação para melhorar suas chances profissionais. Essa demanda crescente estimulou a oferta e, por consequência, a redução dos preços.

Esses ciclos econômicos revelam como a dinâmica de preços no Brasil é moldada por políticas públicas, contexto econômico global e decisões empresariais. Atualmente, com a democratização do acesso ao ensino superior, a educação se tornou um dos pilares para a transformação social e profissional da população.

Entretanto, esse fenômeno deve ser analisado com cautela. Se, por um lado, a educação acessível é positiva, por outro, a qualidade dos cursos oferecidos a preços extremamente baixos nem sempre corresponde às expectativas. Para além disso, a necessidade de fomentar inovação e pesquisa exige investimentos que muitas instituições privadas têm dificuldade em sustentar.

Olhar para esses ciclos históricos permite compreender como a economia pode ser influenciada por políticas públicas, tecnologia e comportamento do consumidor, moldando as tendências de consumo que impactam diretamente o cotidiano dos brasileiros.

*Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

Confira AQUI mais artigos de Marcio Rocha.


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