Alessandro Vieira tem que respeitar o grupo ou se declarar "independente” :: Por Habacuque Villacorte
Alessandro não precisa construir uma narrativa para chegar à reeleição atacando um aliado
O senador Alessandro Vieira (MDB) é pré-candidato à reeleição em 2026, o que faz parte do jogo eleitoral e democrático, mas sua postura política divide opiniões. O discurso do emedebista é integridade, seriedade e compromisso com a boa aplicação dos recursos públicos. É bem verdade que a maioria dos políticos brasileiros não adota esta linha na prática, mas como o senador por Sergipe se apresenta como alguém que está acima dos demais, como se fosse uma unanimidade em nosso Estado.
Eleito em 2018 dentro de um movimento favorável ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e totalmente contra o PT, Alessandro surpreendeu a crítica comum e todos os institutos de pesquisa e chegou ao Congresso Nacional. Já na cadeira, deixou de votar com o governo e optou por fazer oposição, o que também é democrático, muito embora o eleitorado mais conservador do Estado tenha se sentido “traído” por Alessandro, que já não conseguiu mais “transferir” sua popularidade para outros aliados.
Agora, com a proximidade de mais uma eleição, Alessandro Vieira volta à cena com seus discursos de superioridade, de profunda honestidade, apontando o dedo para seus adversários, definindo quem presta e quem não presta na política, como se esta decisão apenas de lhe coubesse. Se o nobre senador se dá o direito de julgar o próximo, este colunista, assim como qualquer outro cidadão comum, pode também promover este “exercício de avaliação”.
Olhando o cenário político em Sergipe, o governador Fábio Mitidieri (PSD) já anunciou o ex-deputado André Moura (UNIÃO) como seu primeiro pré-candidato ao Senado; disputam a segunda vaga na chapa o próprio Alessandro Vieira e o já senador Rogério Carvalho (PT). Figura “extremamente carismática” – ele não valoriza isso – Alessandro entende que é maior do que o próprio agrupamento. Antecipou o voto pela reeleição do governador, mas já anunciou que não vota e nem pedirá voto para André Moura.
Como “homem de grupo”, e se vai dividir o palanque na campanha do próximo ano com André, Alessandro não precisa construir uma narrativa para chegar à reeleição atacando um aliado. O senador do MDB deveria respeitar não apenas uma indicação do governador, seu líder político, e o agrupamento como um todo. Se Alessandro não lidera quase ninguém em Sergipe, justiça seja feita, André e o União Brasil foram os grandes vencedores das eleições municipais de 2024.
Se para Alessandro é inconveniente subir no mesmo palanque que André e outras figuras políticas, ele deveria ter a ombridade de anunciar que seria pré-candidato “independente”, assim como fez o ex-governador Albano Franco em 2010. Indicar emendas para um município e não pedir nada, como repetidas vezes disse o senador, é obrigação, não é caridade! Mas, coincidentemente, os prefeitos beneficiados por suas emendas, demonstram intenção de apoiar sua reeleição...
Sem contar que chega a impressionar que o mesmo Alessandro, destemido para apontar o dedo e julgar quem bem quiser e como bem entender, simplesmente silencia e se omite para os continuados problemas de desabastecimento de água nas torneiras do povo sergipano, no Agreste, no Alto e Médio Sertão. Talvez o senador só não queira contrariar, por enquanto, o governador Fábio Mitidieri, porque ainda sonha em ser o escolhido para a chapa majoritária.
Alessandro se revela “seletivo” para decidir quem irá pedir voto, quem estará ao seu lado, mas não faz objeções se André Moura e outros políticos do agrupamento, que ele sempre criticou, optarem por apoiar sua reeleição. Tudo narrativa para “agradar à torcida”! Talvez, por essa postura individualista, narcisista e desagregadora, o velho MDB seja hoje uma legenda frágil em Sergipe, com pouca representatividade. Este colunista repete: ou Alessandro respeita o grupo, ou sai pré-candidato independente!
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