Dezembro Vermelho em Sergipe: infectologista Dra. Mariela Cometki, alerta para dados alarmantes de HIV/AIDS no estado
O Dezembro Vermelho, campanha nacional dedicada à conscientização sobre HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis, chega este ano com um alerta importante em Sergipe. Dados atualizados até janeiro de 2025 mostram que 5.307 pessoas vivem com HIV no estado e 4.357 já desenvolveram AIDS, reforçando a necessidade de ampliar o diagnóstico precoce e fortalecer políticas de prevenção.
Os números revelam também um cenário desafiador: a taxa de mortalidade por HIV/AIDS em 2022 foi de 4,23 óbitos por 100 mil habitantes, com tendência crescente nos últimos anos. Desde o início da série histórica analisada, 1.420 pessoas morreram em decorrência da infecção.
Para a infectologista Dra. Mariela Cometki, referência em imunidade, os dados mostram que o tema precisa voltar ao centro do debate público.
“A epidemia nunca deixou de existir, mas a percepção social sobre o HIV foi diminuindo. Isso gera atraso no diagnóstico e, consequentemente, maior risco de evolução para a AIDS. Precisamos falar mais sobre prevenção, testagem e tratamento — sem tabu e sem estigma”, afirma.
A infectologista reforça que o tratamento é o principal aliado para conter a transmissão.
“Uma pessoa em tratamento, com carga viral indetectável, não transmite o vírus. Essa é uma das mensagens mais transformadoras da saúde pública moderna, mas ainda pouco disseminada. Informação salva vidas — literalmente”, destaca Dra. Mariela.
Educação, diálogo e diagnóstico precoce: desafios que persistem
Entre os pontos críticos, especialistas apontam a falta de diálogo dentro das famílias, que dificulta a discussão sobre sexualidade e prevenção. Isso leva a diagnósticos tardios e situações inesperadas dentro dos lares.
Outro ponto de atenção é a transmissão vertical, quando o vírus é passado da mãe para o bebê. A taxa de detecção de AIDS em crianças menores de 5 anos permanece sendo monitorada pelas autoridades de saúde.
Dra. Mariela ressalta que combater o estigma é tão importante quanto ampliar o acesso aos serviços.
“Enquanto houver preconceito, haverá silêncio. E o silêncio é inimigo do diagnóstico precoce. Precisamos criar um ambiente em que as pessoas se sintam seguras para buscar testagem e tratamento sem medo de julgamento”, afirma a infectologista.
Um mês para mobilizar — e um ano inteiro para agir
O Dezembro Vermelho reforça que o combate ao HIV/AIDS não deve se limitar ao calendário simbólico. Segundo a especialista, é fundamental manter ações contínuas:
“Campanhas são importantes, mas o enfrentamento real acontece todos os dias — na escola, nas unidades de saúde, na mídia e dentro das famílias. Quanto mais falamos sobre prevenção e cuidado, mais vidas protegemos”, conclui.
Com dados que acendem um sinal de alerta e uma rede de cuidados que ainda precisa ser ampliada, Sergipe entra no Dezembro Vermelho com o desafio de transformar informação em ação — e ação em proteção para milhares de pessoas.