Mulheres que tecem futuros: Rede Solidária de Mulheres de Sergipe celebra o mês da Consciência Negra
No mês da Consciência Negra, a Rede Solidária de Mulheres de Sergipe celebra as histórias e trajetórias das mulheres negras que sustentam, com suas mãos e seus saberes, a força transformadora da sociobiodiversidade. São elas que, a partir da terra, dos frutos e da ancestralidade, ressignificam trabalho, identidade e autonomia, tecendo caminhos que fortalecem comunidades e mantêm viva a memória de seus territórios.
Entre essas mulheres está Alicia Salvador, Catadora de Mangaba de Pontal, em Indiaroba. Para ela, a luta cotidiana é também um ato de afirmação e resistência. “Acredito que todas nós temos histórias. Sempre precisamos nos defender, porque ser mulher e negra na sociedade nunca foi fácil. Hoje temos um diálogo maior e, quando nos inserimos em espaços de conversa, de rede, nos sentimos ainda mais seguras”, afirma.
A Rede reúne artesãs, agricultoras, catadoras e produtoras que transformam frutos, sementes e tradições em geleias, doces, artesanatos e conhecimentos compartilhados. Cada produto carrega uma cadeia de significados, sustento, memória, cuidado e resistência. Comprar esses produtos é reconhecer e fortalecer o futuro dessas mulheres e de seus territórios.
A consciência racial também atravessa as gerações e se manifesta na experiência de mulheres como Maria Eugênia, do município de Carmópolis, que reforça como a maternidade despertou nela um senso ainda maior de responsabilidade e proteção. “Quando tive meus filhos, fiquei ainda mais preocupada, porque sabia que eles iriam enfrentar o racismo. Mas seguimos firmes, fortes, entendendo que só com informação e consciência podemos enfrentar os obstáculos”, destaca. Suas palavras falam também sobre a coragem de tantas mulheres negras que protegem, educam e fortalecem suas famílias.
Dentro da Rede, visibilizar essas vozes e garantir que elas circulem é compromisso permanente. Para a coordenadora de Educomunicação do projeto, Ana Paula Machado, compartilhar essas histórias é construir caminhos coletivos que fortalecem a identidade e o protagonismo das mulheres negras. “Nós temos muito o que dizer e compartilhar porque enfrentamos preconceitos desde que nascemos e isso só reforça a importância do conhecimento sobre nós mesmas na sociedade. Temos muito o que enfrentar, mas também muito o que comemorar e só juntas podemos seguir, tendo orgulho de quem somos e das vitórias que conquistamos”, afirma.
Neste mês de novembro e em todos os outros a Rede Solidária de Mulheres de Sergipe, iniciativa realizada pela Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai), em parceria com a Petrobras e com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Movimento de Catadoras de Mangaba de Sergipe (MCM), celebra a pluralidade, a ancestralidade e o protagonismo das mulheres negras que fazem a diferença em seus territórios.
Que suas vozes sigam ecoando, que seus produtos continuem chegando aos lares sergipanos e que cada compra seja um gesto de apoio, reconhecimento e fortalecimento para continuar tecendo futuros possíveis.