Engenheiros Agrônomos da AEASE expõem na OAB o agravamento da seca no sertão sergipano

A Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe - AEASE, firmou no  último dia (19), uma parceria com a OAB/SE, em apoio à instituição do Fórum Permanente de Convivência com a Seca, especialmente em defesa da implantação do Canal Xingó, ações que convergem em benefícios diretos para o agricultor sertanejo, em face a fustigante seca que assola todo o estado de Sergipe.

Agricultor de Poço Redondo aponta para cenário desolador na lavoura (Imagem: Assessoria Aease)

Na avaliação do presidente da AEASE, engenheiro agrônomo Fernando Andrade, o diagnóstico da Previsão Climática Sazonal divulgado na Agência Brasil pelo Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), revela que a seca na Região Nordeste, deve se agravar ainda mais no período de fevereiro a abril. 

Fernando Andrade demonstrou muita preocupação diante do cenário configurado da seca que assola toda a zona rural sergipana e, em especial, de forma impiedosa o alto sertão do São Francisco, delineando um cenário desolador e com nuances de agravamento que, em se confirmando a manutenção da falta de chuvas para os próximos meses, certamente tornará esse quadro ainda mais trágico, onde o produtor empobrecido, fruto do acúmulo de perdas de 90 % de toda safra agrícola de feijão e milho no último ano agrícola, vê-se agora, decorridos cinco anos consecutivos de seca, com as reservas hídricas esgotadas e as pastagens dizimadas, não tendo muito que fazer a não ser rogar proteção aos céus e pedir socorro às autoridades e ao poder público.

“As previsões indicam que neste ano haverá menos chuvas na região, e isso causa preocupação com o quadro hídrico. Com isso tendência é que os reservatórios não tenham recuperação significativa durante a estação chuvosa, uma vez que as precipitações devem ficar abaixo da média histórica”, ao alertar o "acentuado risco" de esgotamento da água armazenada em represas e açudes, entre novembro deste ano e janeiro de 2018.

Fernando lembrou que neste contexto desolador que às vezes assume requintes de crueldade, a natureza presenteou a região mais árida do Estado com o rio São Francisco e justamente banhando terras de vários municípios inseridos no alto sertão, mas nem assim conseguiu-se ser suficientemente competente, para tirar partido desta dádiva que a natureza nos concedeu, e a problemática se arrasta há anos, décadas e séculos, sem solução, onde se pode afirmar com tristeza, que o produtor morre de sede e de fome olhando de frente para as águas do rio São Francisco e, o que é pior, quanto mais perto do rio, maior a miséria, o desalento. 

“O que poderia ser a redenção, a saída para o desenvolvimento social e econômico de uma região, infelizmente passa a ser um cenário de tortura e desespero para o agricultor, por saber, por visualizar que a solução está ali tão perto, mas não se materializa, não se consuma,sobrando de forma recorrente e impiedosa a cada ano, sofrimento, angústia e miséria”, lamentou.

Diante deste quadro crítico, não obstante os vinte anos de discussão, de estudos e debates, sabe-se que o Canal Xingó se mostra como a intervenção mais estruturante, mais exequível, capaz de trazer uma solução definitiva para o fenômeno da seca na região, viabilizando o deslocamento de água do rio São Francisco para os vários municípios do alto sertão sergipano.

Assim, à AEASE, entidade de vanguarda do desenvolvimento rural no Estado, visitou a OAB/SE, por reconhecê-la como instituição guardiã da cidadania junto à sociedade, no sentido de propugnar o seu apoio e mútua cooperação, em defesa do agricultor sertanejo. 

“Esta parceria terá como primeiro ato, a instituição do Fórum Permanente de Convivência com a seca e em defesa da implantação do Canal Xingó, ambiente onde serão discutidos as grandes questões e gargalos, bem como, serão aglutinados esforços catalizadores para dar a devida celeridade à aprovação e implantação do projeto e constituir estratégias e instrumentos decisivos, visando dar consistência às reivindicações, sensibilizar a classe política, as instituições e a sociedade”, finalizou.