Maio roxo: doenças inflamatórias intestinais podem afetar outras partes do corpo
Doenças com nomes de pronúncia complicada e de que pouca gente já ouviu falar. A campanha Maio Roxo reforça o debate sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), das quais se destacam como as principais a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Apesar de todo o mês de maio ser dedicado à conscientização sobre as DII, o dia 19 foi escolhido como o Dia Mundial de combate a essas doenças, momento em que se intensificam em todo o mundo as discussões sobre diagnósticos e a importância do tratamento.

Dra. Ana Carolina Ribeiro, coloproctologista cooperada Unimed Sergipe (Foto: Arquivo Pessoal)
Segundo Dra. Ana Carolina, apesar de serem doenças intestinais, é preciso ficar alerta para o acometimento de outras partes do corpo. “Basicamente, acometem o intestino, mas pode comprometer outros sítios. A doença de crohn pode acometer o intestino delgado, o ânus, o olho, a pele e as articulações, causando doenças reumatológicas”, pontua a coloproctologista.
As DII são doenças imunomediadas, que possuem caráter imunológico genético com um gatilho de fatores ambientais, como o estresse e a alimentação a base de condimentos e enlatados. Sintomas como diarreia persistente por mais de 30 dias, acompanhada de sangramento, muco ou pus nas fezes, perda de peso de causa inexplicada, dor e distensão abdominal crônica que já foi tentado um tratamento anterior sem sucesso e alteração no hábito intestinal são sinais de possível adoecimento intestinal.
O proctologista e o gastroenterologista são os profissionais capacitados a tratar dessas doenças e, na maioria das situações, o cuidado é baseado em medicações. O tratamento clínico é longo e, em alguns casos, com indicação de cirurgia.
“O diagnóstico é realizado especialmente através da colonoscopia, que é a endoscopia do intestino grosso e durante este exame conseguimos examinar também a parte do íleo terminal no intestino delgado. Associado à colonoscopia, temos hoje o auxílio da enterorressonância e a enterotomografia. Não existe exame de sangue que nos de esse diagnóstico preciso. Ele é baseado na suspeita clinica, associado ao exame endoscópio. Todo paciente precisa desse exame endoscópico com a biopsia da mucosa intestinal”, frisa Dra. Ana Carolina.
Mesmo durante a pandemia de covid-19, é preciso que os pacientes com DII não se descuidem do tratamento. “O maio roxo vem para nos conscientizar dessas doenças e fazer com que as pessoas não desistam de seus tratamentos por conta do medo de chegar ao seu médico, devido à pandemia. São doenças que a gente precisa monitorizar, se o paciente está estável, ele tem que ir pelo menos duas vezes ao ano ao seu médico. Neste segundo ano de pandemia, percebemos que muita gente deixou o acompanhamento de lado por conta do medo. Isso é um adendo importante que precisamos relembrar e encorajar as pessoas a voltar aos consultórios médicos”, destaca Dra. Ana Carolina.
“Foi provado que nos pacientes que fazem o uso de biológicos e de imunossupressores não houve acréscimo de incidência de Covid nessa população, pelo contrário, ela foi até protegida. Por isso temos, neste ano, temos mais tranquilidade em conduzir esses pacientes”, completa a coloproctologista.