Atendimento e cuidado fonoaudiológico no Ipesaúde fazem a diferença para pessoas com deficiência intelectual
No Centro de Reabilitação do Instituto de Promoção e Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Sergipe (Ipesaúde), a beneficiária, Andreza Santos, 37 anos, é uma presença constante e querida. Diagnosticada com Síndrome de Down, hidrocefalia e suspeita de autismo, ela realiza acompanhamentos multidisciplinares no Centro, incluindo sessões de fonoaudiologia e fisioterapia. Brincalhona, amorosa, carismática e cheia de energia, Andreza exemplifica como o acesso contínuo às terapias especializadas transforma o desenvolvimento individual e traz mais qualidade de vida para toda família.
“Ela é muito alegre, mas, também, há dias difíceis”, conta Ivone dos Santos Souza, mãe de Andreza. “Não é fácil, mas a gente aprende a entender melhor as condições que ela tem e o Ipesaúde foi uma bênção para nós porque sem os atendimentos seria tudo muito mais complicado”, avalia. Ivone se emociona ao lembrar o caminho percorrido com a filha. “Ela não andava, teve que fazer cirurgia nas pernas, usou aparelho, entre outras coisas que ela teve que enfrentar, mas, hoje, ela faz tudo: fala, canta e dança. Com ajuda da fonoaudióloga e da fisioterapeuta, do carinho e da luta, a gente conseguiu avançar muito”, conta a mãe.
Fonoaudiologia como ferramenta de inclusão
A fonoaudióloga do Ipesaúde, Daniela Santana, responsável pelo acompanhamento de Andreza, destaca que a fonoaudiologia desempenha um papel fundamental como mediadora para as pessoas com deficiência intelectual. “Nosso objetivo é facilitar a comunicação, promover a interação social e garantir que o indivíduo seja compreendido e possa participar plenamente do seu ambiente”, explica. Segundo Daniela, o trabalho vai muito além da fala, abrangendo o desenvolvimento da linguagem, cognição, atenção, memória, habilidades escolares e atividades diárias — sempre em parceria com a família.
Daniela ressalta que a articulação entre terapeuta, paciente e família é imprescindível para o avanço cognitivo dos pacientes porque o cuidado não se restringe ao consultório. “Ivone, por exemplo, sempre é convidada a participar das sessões. Ela observa o comportamento da filha durante a terapia e aprende estratégias para aplicar em casa, o que potencializa o progresso. Não adianta esperar que a mudança aconteça só aqui. A continuidade dessas atividades em casa faz toda a diferença para conquistar avanços”, pontua a fonoaudióloga.
Desenvolvimento não segue um roteiro
A deficiência intelectual é uma condição que compromete o desenvolvimento cognitivo e a capacidade de adaptação do indivíduo em diversas áreas da vida. Suas causas podem ser genéticas, como no caso da síndrome de Down, ou adquiridas, por exemplo, após um traumatismo cranioencefálico (TCE).
A fonoaudióloga explica que, especialmente em condições congênitas, os sinais de alerta costumam surgir ainda na infância. “É fundamental observar como a criança se comunica, como ela enfrenta a rotina diária, o ambiente escolar e sua autonomia. Quando identificados atrasos significativos, a avaliação multidisciplinar torna-se indispensável”, ressalta. No Ipesaúde, esse processo de avaliação é conduzido por uma equipe integrada que inclui fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e terapeutas ocupacionais. “Cada profissional traz sua expertise para construir um diagnóstico abrangente e definir metas de intervenção mais eficazes. Andreza, por exemplo, tem dificuldades mais acentuadas de memória e atenção, o que exige recursos lúdicos e repetição nas terapias. A gente trabalha com o que ela tem de melhor para desenvolver o que ainda precisa”, explica Daniela.
O desafio que vai além da terapia
A fonoaudióloga afirma que, apesar de todos os avanços no campo da reabilitação, o maior desafio ainda está fora das salas de atendimento. “O problema não é conquistar os avanços cognitivos. O maior desafio, ao meu ver, é a sociedade reconhecer as pessoas com deficiência intelectual como parte do todo. Elas têm direito de se expressar, se comunicar, ter lazer e ocupar espaços”, pondera Daniela.
Nesse contexto, para quem vive a realidade diariamente, como Ivone e Andreza, a luta acontece todos os dias. “Tem que ter fé e continuar porque desistir nunca foi opção”, frisa Ivone.