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Aracaju (SE), 11 de dezembro de 2025
POR: Laís Marques
Fonte: Ascom Unit
Em: 11/12/2025 às 08:19
Pub.: 11 de dezembro de 2025

Golpes digitais ficam mais sofisticados e mais acessíveis para criminosos

Falsificação de domínios via typosquatting sai por menos de R$ 40 e leva usuários a sites clonados que roubam informações sigilosas

Golpes digitais ficam mais sofisticados e mais acessíveis para criminosos - Foto: Ascom Unit

Entre a pressa do dia a dia, as promoções-relâmpago e a ansiedade para aproveitar uma oferta antes que ela acabe, muitos consumidores digitam o endereço de lojas conhecidas sem conferir cada caractere. É justamente nessa distração mínima, quase invisível, que golpistas encontram a oportunidade ideal para agir. Por trás de páginas visualmente idênticas às originais, mas com pequenas alterações no domínio, se esconde uma das fraudes que mais tem crescido no ambiente digital.

É nesse cenário que o typosquatting ganha destaque e acende um alerta entre especialistas em proteção de dados. Segundo Ricardo Torres, gerente de segurança da informação da Universidade Tiradentes (Unit), essa prática se baseia em um comportamento automático do usuário: reconhecer a identidade visual de uma marca e ignorar o endereço exibido no navegador. Dessa mistura de urgência, descuido e imitações quase perfeitas, surgem golpes que se espalham com rapidez.

“O typosquatting acontece quando criminosos registram domínios quase iguais aos das empresas legítimas, um ‘0’ no lugar do ‘o’, uma letra trocada, um hífen fora do lugar. É uma tática simples e barata. Um domínio falso pode ser registrado gastando cerca de R$ 40 ao ano e sem exigir conhecimento técnico avançado”, explica Ricardo.

O valor baixo não é o único fator que impulsiona esse tipo de golpe. Segundo ele, a capacidade de duplicar sites inteiros tornou o processo ainda mais acessível. “A clonagem de um portal é praticamente automática hoje. O golpista copia o HTML, replica imagens e navegação e, em poucos minutos, tem um site visualmente igual ao original, só muda o destino das informações inseridas pelo usuário. Por reconhecer cores e layout, muita gente acredita estar em um ambiente confiável e ignora justamente o que mais importa: a URL”, completa.

Riscos silenciosos e prejuízos imediatos

Ao cair em uma dessas páginas, o consumidor se coloca diante de ameaças diretas e potencialmente sérias. Torres explica que esses sites falsos costumam centralizar diversos tipos de fraude em um mesmo local. “Além de capturar logins e senhas, eles podem instalar malware no dispositivo, desviar pagamentos ou coletar dados sensíveis, como informações bancárias e de cartão de crédito”, afirma.

Outro recurso comum é o uso de formulários falsos que armazenam dados pessoais para venda posterior ou uso em novos golpes de engenharia social. Assim, mesmo quem não conclui uma compra pode ter suas informações comprometidas.

O risco aumenta em datas de grande movimentação no comércio eletrônico, como a Black Friday. “Nesse período, urgência e volume de acesso se combinam. As pessoas agem por impulso para não perder uma promoção que acaba em minutos. Um detalhe ignorado pode ser suficiente para cair em um golpe”, observa.

Como identificar um site falso na prática

Reconhecer um domínio fraudulento exige apenas alguns segundos de atenção, e essa pequena pausa pode evitar um grande prejuízo. A recomendação principal é direta: observar com cuidado o endereço exibido no navegador. “Alterações mínimas são os principais sinais, principalmente quando o visual do site é convincente. Verificar a URL, desconfiar de números no lugar de letras e notar extensões estranhas são passos essenciais”, recomenda.

Outros sinais também ajudam. Segundo o especialista, páginas fraudulentas geralmente têm poucas seções realmente funcionais. “Testar links internos, desconfiar de preços muito abaixo da média, checar informações institucionais e confirmar o certificado HTTPS são práticas importantes, lembrando que o cadeado não significa que o site é legítimo”, alerta. Verificar avaliações em sites de reclamação e redes sociais também é uma boa medida, já que domínios muito recentes costumam ser indícios de golpe.

O que fazer ao perceber que caiu no golpe

Agir rápido faz toda a diferença na hora de reduzir danos. O primeiro passo, segundo Ricardo, é sair imediatamente do site fraudulento. Depois, o usuário deve comunicar a empresa verdadeira, para que ela possa investigar e alertar outras pessoas.

“Se houver suspeita de vazamento de credenciais, é fundamental trocar todas as senhas, especialmente as vinculadas ao e-mail ou ao banco. Caso informações de pagamento tenham sido inseridas, o cartão precisa ser bloqueado e o banco informado para monitorar transações incomuns. Quanto mais rápido a vítima agir, menor será o tempo disponível para o criminoso explorar os dados”, reforça.

Ele lembra ainda que empresas também têm um papel importante no combate ao typosquatting. “Monitorar domínios semelhantes é essencial para reduzir a superfície de ataque. Muitas marcas registram preventivamente variações de seus nomes, com hífen, sem hífen, .com, .com.br, .net, .store, justamente para impedir o uso malicioso. Além disso, ações legais e campanhas educativas ajudam a orientar o público sobre como validar URLs e buscar sempre canais oficiais”, explica.

Criar hábitos de segurança é o caminho

Para quem compra online com frequência, manter práticas de segurança digital é obrigatório. Torres recomenda priorizar sites já conhecidos, evitar transações em redes Wi-Fi públicas e preferir dados móveis ao inserir informações sensíveis. “O importante é construir rotinas simples, que funcionem no cotidiano e não dependam de ações complexas”, afirma.

Ativar a autenticação multifator (MFA) sempre que possível também está entre as medidas mais eficazes para bloquear acessos indevidos. “Embora o typosquatting explore segundos de distração, seus danos podem durar muito tempo. Em um cenário em que os golpes evoluem continuamente, observar detalhes, especialmente o endereço que aparece na barra do navegador, pode ser o que separa uma compra segura de um prejuízo imediato”, conclui.

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