Aracaju (SE), 01 de julho de 2025
POR: Laís Marques
Fonte: Ascom Unit
Em: 01/07/2025 às 12:05
Pub.: 01 de julho de 2025

Nanopartículas para tratamento da Doença de Chagas é base de pesquisa de doutoranda

Com trajetória acadêmica iniciada no Brasil e atuação em laboratório europeu, pesquisadora aposta em compostos naturais encapsulados como alternativa ao tratamento convencional

A sergipana Jessy Tawanne Santana é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA) da Unit e está na Espanha - Foto: Acervo pessoal

Responsável pela infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principalmente por meio das fezes do inseto conhecido como “barbeiro”, a Doença de Chagas ainda representa uma séria ameaça à saúde pública em toda a América Latina, especialmente em comunidades mais vulneráveis. Com evolução silenciosa e sintomas persistentes, a enfermidade é classificada como negligenciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Fatores como habitações inadequadas e alterações ambientais favorecem a proliferação do vetor, atingindo milhares de pessoas que enfrentam dificuldades para ter acesso ao diagnóstico e ao tratamento eficaz.

Nesse cenário, a pesquisa científica tem buscado alternativas mais eficazes no enfrentamento à doença, e a nanotecnologia surge como uma das apostas mais inovadoras. Na Espanha, a brasileira Jessy Tawanne Santana, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA) da Universidade Tiradentes (Unit), está à frente de um estudo que desenvolve nanopartículas lipídicas capazes de encapsular substâncias bioativas com ação potencial contra o T. cruzi. O objetivo é melhorar a eficiência terapêutica dos tratamentos disponíveis, além de reduzir efeitos colaterais.

De forma simples, Jessy explica como funcionam essas partículas. “Quando se trata da Doença de Chagas, o uso de nanopartículas lipídicas é uma proposta inovadora e eficaz, pois elas atuam como transportadoras do princípio ativo, promovendo sua proteção, maior estabilidade e liberação controlada diretamente no local de ação”, ressalta. A pesquisa, financiada pelo CNPq, visa desenvolver soluções sustentáveis a partir de substâncias naturais para contribuir com o controle da enfermidade.

De Aracaju a Granada

O interesse de Jessy pela ciência começou durante sua graduação em Enfermagem na Unit. “Comecei a perceber que tinha muitas dúvidas sobre processos fisiopatológicos e epidemiológicos e queria buscar respostas”, relembra. Esse desejo despertou seu envolvimento em projetos de Iniciação Científica, especialmente em linhas voltadas à saúde de grupos vulneráveis, sob orientação da professora Dra. Cláudia Moura de Melo. A experiência consolidou sua decisão por seguir na área acadêmica, avançando para o mestrado e, atualmente, o doutorado.

A oportunidade de internacionalização surgiu a partir da colaboração entre o grupo de pesquisa Patologia das Doenças Tropicais (CNPq-Unit), coordenado pela Dra. Cláudia Melo, e as pesquisadoras Dra. Raquel Barbosa Melo e Dra. Beatriz Clares Naveros, da Universidade de Granada. “Durante o doutorado, quis me desafiar ainda mais e vi na internacionalização uma grande oportunidade”, conta Jessy, que encontrou nessa parceria a chance de expandir seus conhecimentos científicos e acadêmicos.

Desafios e crescimento no exterior

A experiência acadêmica fora do Brasil tem representado para Jessy uma fase de aprendizados intensos e superações. “Sair da zona de conforto foi, sem dúvida, o maior desafio”, admite. Enfrentar uma nova cultura, idioma e sistema acadêmico exigiu adaptação constante. Contudo, ela reconhece que esses desafios contribuíram para seu amadurecimento. “Aprender novas metodologias, dominar técnicas diferentes e trocar experiências com outros pesquisadores ampliou minha autonomia e conhecimento”, afirma.

Ao comparar a prática científica entre os dois países, Jessy percebe algumas diferenças significativas. “Me chamou atenção a estrutura consolidada que a pesquisa possui na Espanha, seja em relação ao financiamento, à valorização institucional ou ao reconhecimento profissional”, observa. Ela também destaca a forte cultura de cooperação entre universidades e centros de pesquisa. No entanto, ressalta o valor do trabalho brasileiro. “A ciência no Brasil também é feita com muita competência. Somos criativos, inovadores e precisamos de mais valorização para demonstrar todo o impacto das nossas pesquisas”, completa.

A vivência de estar sob orientação conjunta entre pesquisadoras espanholas e brasileiras também tem sido enriquecedora. “Tenho o suporte das orientadoras do Brasil e, ao mesmo tempo, acesso a novos aprendizados com as especialistas da Espanha”, diz Jessy. Para ela, essa diversidade de perspectivas tem impulsionado seu crescimento profissional e acadêmico.

Trajetória e perspectivas

Jessy atribui sua preparação para a vivência internacional à formação recebida na Universidade Tiradentes. “Desde a graduação, tive acesso a professores comprometidos, envolvimento em pesquisas, participação em eventos científicos e incentivo à produção acadêmica”, afirma. Ela continua mantendo laços com docentes e colegas da instituição, que considera fundamentais em sua trajetória. “O diferencial da Unit está na qualidade do seu corpo docente, que incentiva o pensamento crítico e reflexivo nos alunos”, reforça.

Com a finalização do doutorado, Jessy pretende seguir no campo acadêmico, ampliando sua atuação como pesquisadora e, futuramente, como docente no ensino superior. “Acredito que a ciência deve servir à sociedade e quero contribuir com pesquisas que tenham impacto real na vida das pessoas”, declara. Para ela, a experiência internacional tem sido essencial nesse processo, mostrando que, com apoio e coragem, é possível romper barreiras e ocupar novos espaços.

Aos estudantes da Unit que sonham em seguir carreira na pesquisa internacional, Jessy deixa um incentivo. “O primeiro passo é acreditar no seu potencial. Fazer ciência no exterior não é um sonho impossível, mas uma meta que pode ser alcançada com foco, preparação e apoio. Invista nos seus projetos, procure as redes de parceria dos seus orientadores e pense em propostas de pesquisa que fortaleçam sua dissertação ou tese”, finaliza.


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