Cinema inclusivo: "Brasil, entre cores, cantos e desencantos: a natureza de Rugendas e Villa-Lobos” ganha versão acessível no Festival Metrô, em Curitiba
Pela primeira vez, o filme da UFS foi exibido com recursos de acessibilidade, ampliando seu alcance e convidando o público a refletir sobre arte, natureza e identidade

Durante o Setembro Verde, mês dedicado à acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência no Brasil, o curta universitário “Brasil, entre cores, cantos e desencantos: a natureza de Rugendas e Villa-Lobos” teve sessão acessível no 8º Metrô – Festival do Cinema Universitário Brasileiro, realizado de 3 a 7 de setembro, na Cinemateca de Curitiba (PR). A obra foi criada pela estudante Shéron Morales, do curso de Licenciatura em Música do Departamento de Música (DMU) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob supervisão do professor João Liberato.
Selecionado entre 514 inscritos, o curta integrou a Mostra Competitiva ao lado de produções de instituições como UNESPAR/UEL, UFF, PUC/PR, UFPE, AIC/SP, UFSC, UFRN, PUC/MINAS, UNIP, UNIFOR, UFPR, UFPB e UFPel, sendo um dos cinco filmes escolhidos para a Mostra Acessível, recurso oferecido pelo evento. A proposta do festival incluiu sessões com libras, audiodescrição e legendas descritivas, reforçando o compromisso com um cinema mais inclusivo e coletivo.
Shéron participou das exibições e dos debates com o público, ao lado de universitários de diversas regiões. Ela destacou a emoção de ver seu curta acessível sendo exibido:
“Foi uma honra participar do festival Metrô, ao lado de obras universitárias de elevada qualidade. Assistir à versão acessível do nosso curta foi emocionante, pois o torna mais democrático e amplia seu alcance, permitindo que mais pessoas conheçam o cinema produzido na universidade pública. Além disso, o festival possibilitou a utilização desse recurso inclusivo não apenas para o espectador, mas também para realizadores que, muitas vezes, não têm condições financeiras de inseri-lo em suas produções.”
O fotofilme utiliza imagens do pintor Rugendas e a música “Floresta do Amazonas”, de Villa-Lobos, com finalidade didática, promovendo uma reflexão sobre a relação entre sociedade, natureza e colonização, além de incentivar a divulgação da música erudita brasileira. A obra também foi selecionada para o Ardea Film Festival, em Roma, e para o Festival Oscarito de Cinema, no Rio de Janeiro.
As produções desta edição do Metrô foram avaliadas por um grupo de profissionais do cinema: Gabriel Borges, mestre em Cinema e Artes do Vídeo pela Unespar, curador, montador e diretor de cinema; Iury Peres Malucelli, curador, cineclubista, pesquisador e mestre na mesma área pela Unespar; e Vitória Liz, estudante, pesquisadora de cinema e programadora da Semana do Audiovisual Negro de Pernambuco.
“As produções selecionadas se debruçaram sobre o cinema e a universidade em sua perspectiva de formação, pesquisa e extensão, inserindo-se na tradição cinematográfica ao mesmo tempo em que desafiam e dialogam com obras e nomes que vieram antes”, comentou Wellington Sari, um dos idealizadores e também diretor do festival.
O Metrô é um dos mais importantes festivais universitários do país, reconhecido por revelar novos talentos, valorizar a produção acadêmica e dar visibilidade ao cinema realizado nas universidades brasileiras. Conta com uma programação gratuita que reúne diversidade, qualidade e inovação, além de promover oficinas e debates que fortalecem a formação e o encontro de novos realizadores.
As produções de Shéron Morales (DMU-UFS), sob supervisão de João Liberato, seguem circulando em setembro por diferentes festivais do país. No dia 23, “Brasil, entre cores, cantos e desencantos: a natureza de Rugendas e Villa-Lobos” terá sua primeira exibição no Nordeste, em Vitória da Conquista (BA), durante a Mostra Paralela do 14º Festival Estudantil de Curtas – Curta 5, promovido pelo Instituto Federal da Bahia.
O curta “Alvorecer dos negros no Brasil: a África na brasilidade musical de Alberto Nepomuceno e nas imagens de Rugendas (entre batuques, ritmos, resiliência e cores)” também integra a programação do evento e, ainda neste mês, será apresentado em Porto Alegre (RS), no Festival Internacional de Cinema Anarquista, que acontece de 19 a 21 de setembro. Já o filme “Pindorama: a terra indígena de Rugendas e Villa-Lobos” terá sessão em 19 de setembro, no Festival de Cinema Música em Foco, em Jaraguá do Sul (SC) — ampliando a circulação nacional das produções audiovisuais da Universidade Federal de Sergipe.