"Tapete de grãos de Corpus Christi, feito em São Cristóvão, será imortalizado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil", anuncia Nitinho
Tradição sergipana de origem portuguesa que mobiliza centenas de devotos terá proteção nacional e registro no Livro de Bens Culturais do IPHAN

“Mais uma tradição cultural sergipana será imortalizada. O tradicional tapete de grãos de São Cristóvão será reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.”
O anúncio foi feito pelo deputado federal Nitinho Vitale (PSD-SE), autor do Projeto de Lei nº 3.146/2025, que propõe o reconhecimento do tradicional tapete de grãos de Corpus Christi, confeccionado nas ruas históricas de São Cristóvão (SE), como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
A proposta visa proteger e valorizar essa manifestação centenária de fé, arte e identidade popular, preservando uma das expressões mais autênticas da religiosidade nordestina. “Estamos dando um grande passo para a preservação desta manifestação de fé, com o registro nacional no Livro de Bens Culturais do IPHAN”, comemora Nitinho.
“Proteger a tradição do tapete de grãos não é apenas guardar uma imagem do passado — é fortalecer a fé do povo sergipano e reconhecer sua arte comunitária. Este patrimônio expressa religiosidade e criatividade, e merece o mesmo nível de respeito que outras grandes tradições brasileiras”, destacou o deputado.
Origem
De origem portuguesa, a tradição foi trazida ao Brasil no período colonial e consolidou-se em São Cristóvão entre os séculos XVII e XVIII.
“Desde então, todos os anos, os moradores da cidade se mobilizam para confeccionar os tapetes que enfeitam o percurso da procissão de Corpus Christi, no coração do centro histórico, já tombado pelo IPHAN”, explica Nitinho.
“Mais do que decoração, os tapetes simbolizam reverência ao Santíssimo Sacramento e representam um gesto coletivo de fé e devoção, unindo gerações e diferentes segmentos da sociedade local”, relata o autor.
Artesanal e sustentável
O deputado ressalta ainda que a confecção envolve centenas de moradores, voluntários, estudantes, fiéis e artesãos.
“As ruas são decoradas com materiais naturais e reutilizados, como maravalha, pó de serra, sal grosso, borra de café, cascas de ovos, conchas e pigmentos naturais.”
Recentemente, também foram introduzidos tapetes de tecido, feitos com retalhos reaproveitados, ampliando o aspecto sustentável da manifestação.
O parlamentar enaltece a devoção dos artesãos ao lembrar que o trabalho começa nas primeiras horas do dia de Corpus Christi e se estende até o início da celebração, reunindo equipes organizadas por temas religiosos, passagens bíblicas e símbolos da fé cristã.
Reconhecimento e salvaguarda
O PL nº 3.146/2025 propõe que a manifestação seja incluída no Livro de Registro dos Bens Culturais Imateriais, sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), possibilitando a adoção de políticas públicas de preservação, incentivo e fomento à cultura local.
“O reconhecimento nacional vai garantir visibilidade, apoio institucional e condições para que esta tradição continue viva pelas próximas gerações”, reforça Nitinho.
O projeto segue agora para análise nas comissões da Câmara dos Deputados.