Professor explica como é calculado o IPCA, índice oficial da inflação
Criado em 1979 e definido como índice desde 1999, ele serve como referência para a política monetária do Banco Central, e para a definição de contratos e reajustes salariais

As definições sobre taxas de juros, controle de gastos e a política econômica do governo passam por um índice crucial, medido mês a mês e acompanhado com atenção (e tensão): o índice de inflação, que no Brasil é definido oficialmente pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Instituído desde dezembro de 1979 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele mensura os efeitos da variação de preços a partir de uma lista de cerca de 400 produtos e serviços pesquisados todo mês em 16 regiões brasileiras, sendo cinco municípios (Aracaju, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco e São Luís), o Distrito Federal e dez regiões metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre).
Estes itens estão entre os mais consumidos cotidianamente pela população e representam os gastos das famílias assalariadas com renda mensal entre um e 40 salários mínimos, residentes em áreas urbanas das cidades e regiões pesquisadas. Eles estão agrupados em nove grandes grupos de despesa: Alimentação e bebidas, Habitação, Artigos de residência, Vestuário, Transportes, Saúde e cuidados pessoais, Despesas pessoais, Educação e Comunicação. Seus pesos são determinados por pesquisas de orçamento familiar (POFs), que envolvem ainda cálculo de variações e ponderação por importância no orçamento das famílias.
Desde 1999, o IPCA é definido por lei como balizador do regime de metas para a inflação do país, servindo como referência para a política monetária do Banco Central e parâmetro para diversos contratos e reajustes salariais. “Ele foi definido como índice oficial de inflação do Brasil porque reúne características técnicas, metodológicas e institucionais que o tornam o mais adequado e confiável para representar a variação dos preços ao consumidor e servir como referência para políticas públicas e econômicas”, detalha o economista e professor Josenito Oliveira, do curso de Administração da Universidade Tiradentes (Unit).
O cálculo do IPCA de cada mês segue uma metodologia estatística padronizada, que envolve a coleta de preços desta chamada “cesta” de produtos e serviços. Os principais fundamentos do indicador são a cesta de consumo representativa; a amostragem de preços; a fórmula de cálculo (Índice de Laspeyres); a atualização de pesos; a abrangência geográfica e a finalidade econômica. De acordo com Josenito, esses fundamentos seguem princípios técnicos e metodológicos da estatística econômica, com foco na medição da inflação percebida pelas famílias.
A variação mensal do IPCA têm relevância enorme e impacto significativo na para a economia do país e o dia a dia de cada cidadão. “Quando o IPCA sobe, significa que os preços de produtos e serviços estão aumentando, o que reduz o poder de compra do consumidor. Ela afeta o poder de compra, os preços dos bens e serviços, o valor dos investimentos e até mesmo os reajustes salariais, bem como as políticas monetárias do Banco Central. Além de medir a inflação, o IPCA serve como referência para reajustes de salários, tarifas públicas, alugueis, mensalidades de planos de saúde, entre outros”, observa o economista.