Entre a dor da despedida e a gratidão do convívio :: Por Marcio Rocha
Marcio Rocha*

Na última terça-feira, a comunicação perdeu dois de seus grandes nomes, e muitos de nós perdemos também dois grandes amigos. Mônica Pinto e André Barros partiram deixando um rastro de saudade, de memórias marcadas por talento, força e humanidade. Dói, profundamente. Mas entre as lágrimas que teimam em cair, floresce um sentimento de imensa gratidão por termos caminhado lado a lado com eles, na vida e na profissão.
Mônica Pinto era daquelas jornalistas que inspiravam só de chegar. Dona de um olhar atento, de uma escuta generosa e de uma escrita afiada, foi exemplo vivo de profissionalismo e qualidade. A dedicação com que mergulhava em cada pauta ia além do compromisso com a notícia — era um compromisso com a verdade e com as pessoas. Nunca lhe faltaram vontade e entusiasmo, mesmo diante dos dias mais difíceis. Era daquelas que estimulavam os colegas com um sorriso, uma ideia ou uma palavra justa. Amiga leal, companheira incansável, fez da redação um lugar mais humano, mais acolhedor, mais íntegro. Sua ausência será sentida em cada silêncio onde antes havia sua voz firme e sensível.
Já André Barros era sinônimo de garra. Jornalista de raça, pautado por uma coragem admirável, era movido pela busca incessante da informação com exatidão e profundidade. Como esquecer a voz marcante e de características que a tornavam totalmente única em nossa imprensa? Tinha tirocínio aguçado, agilidade fora do comum e uma mente inquieta que não se contentava com o óbvio. André era inovação, era energia, era a presença que chegava junto, que oferecia ajuda, que dividia a carga e multiplicava as soluções. Um parceiro de todas as horas, dentro e fora do trabalho. Um amigo leal, daqueles com quem era possível contar sem hesitação.
Ambos deixaram marcas únicas em quem teve o privilégio de partilhar jornadas profissionais e afetivas com eles. Em Mônica, aprendemos que é possível ser firme sem perder a ternura, e que o jornalismo só faz sentido se for feito com o coração. Em André, vimos que a paixão pela notícia pode andar de mãos dadas com a ousadia criativa, e que a verdade deve sempre ser tratada com respeito e coragem. Eles nos ensinaram não apenas como informar, mas como ser melhores pessoas no processo.
Foram presenças constantes, não apenas nas coberturas jornalísticas, mas nos bastidores da vida. Na escuta atenta de uma conversa, na solidariedade em momentos difíceis, na celebração genuína das conquistas alheias. Cada um à sua maneira, fizeram da nossa profissão algo maior, mais digno, mais significativo. Mônica com sua sensibilidade refinada, André com sua irreverência lúcida. Ambos com uma humanidade que transbordava qualquer título, qualquer cargo, qualquer texto.
Talvez seja justamente isso o que mais doí: saber que não os veremos mais pelos corredores, nas reuniões, nos eventos, nas trocas de ideias e risadas que tornavam os dias mais leves. Mas também é isso o que nos consola, saber que deixaram um legado que não se apaga. Que viveram intensamente, com propósito, e que impactaram profundamente a vida de todos nós que tivemos a honra de cruzar seus caminhos.
É inevitável a tristeza que se instala, mas ela vem acompanhada de um orgulho sereno: o de termos convivido com dois seres humanos extraordinários, que honraram a profissão, cultivaram amizades verdadeiras e viveram com intensidade e ética. A memória de Mônica e André segue viva em nós, em tudo que fazemos, nas palavras que escrevemos, nos caminhos que escolhemos. Que saibamos honrar seus legados todos os dias, com compromisso, com amor e com a mesma paixão pela vida e pela comunicação que tanto os definiam.
Hoje, o jornalismo chora. Mas também agradece. E promete seguir adiante, levando no peito a lembrança e o exemplo de dois profissionais que fizeram a diferença no mundo e, principalmente, nas pessoas.
*Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.