Aracaju (SE), 04 de julho de 2025
POR: Antonio Samarone
Fonte: Blog de Samarone
Em: 02/01/2019
Pub.: 03 de janeiro de 2019

Em defesa das causas perdidas: E por falar em fotografias... :: Por Antonio Samarone

Por Antonio Samarone

Em defesa das causas perdidas: E por falar em fotografias... (Foto: Pierre Verger/ Via Blog de Samarone)

Em defesa das causas perdidas: E por falar em fotografias... (Foto: Pierre Verger/ Via Blog de Samarone)

Na cultura, Itabaiana tem duas tradições: a música, com a secular Filarmônica; e a fotografia, com os mestres Paulino, Miguel Teixeira, Joaozinho Retratista, Percílio Andrade, Jorge Moreira e Seu Romeu. Só os ricos e remediados tinham acesso a esta arte.

Seu Joaozinho retratista era o mais famoso, com o seu cavalinho de madeira, anjos entregando hóstias não consagradas. Santos e cristos de papelão. Ao fundo, um cenário com o azul firmamento, carregado com nuvens de algodão. Seu Joaozinho dominava a técnica, com os seus retratos bem retocados. O retratista era quase um mágico.

Miguel Teixeira deixou um legado sobre a vida na Villa de Santo Antonio e Almas de Itabaiana. O casario, o vestuário, as festas, folguedos, os dias santos, procissões, danças, hábitos e costumes. Um trabalho documental pouco estudado. O acervo de Jorge Moreira se perdeu? Não sei dizer.

A fotografia era vista como um espelho do real. A fotografia não mente, é uma prova, uma mimese, uma imitação quase perfeita da realidade. A fotografia como semelhante ao referente. Um registro, uma tomada. Os antigos retratistas oficiais se transformaram em fotógrafos profissionais. A boniteza estava na apuração técnica, na resolutividade. Hoje fotografia é outra coisa...

O retratista Seu Justo chegou ao Beco Novo! A fotografia chegava ao povo. Seu Justo se instalou no mais famoso cruzamento de Itabaiana: Rua do Beco Novo com a Rua da Pedreira, instalou-se numa esquina, que antes tinha sido as barbearias de Seu Abílio, e depois de Seu Juca, pai do guarda-vala Tito. Na outra esquina, ficava a loja de tecidos de Manezinho Priscina, antiga casa do Coronel Sebrão; na terceira, onde funcionou a padaria de Euclides e Mamede Paes Mendonça, era Bar de Pedro Delfino, administrado com mão ferro por Dona Isaltina; e na última esquina, era a sortida bodega de Zé Meu Mano. Um cruzamento com muitas histórias.

Dona Isaltina enxotava quem botasse açúcar demais no café. Ela inspecionava! Tomava-se café em copos de vidro, de geleia usado. Quando se pedia um pão com requeijão, ela não se dava ao trabalho de tirar a casca. Aí daquele que reclamasse! Outro aborrecimento inaceitável de Dona Isaltina, era algum abusado acaçapar uma bola com força na sinuca. Ela mandava encostar o taco na hora. Seja lá quem fosse...

Lembro-me que na bodega de Zé Meu Mano vendia-se óleo de rícino, o terror no tratamento final das lombrigas; ou para os que estivessem com a barriga inchada ou fastio. Minha mãe adorava prescrever óleo de rícino, violeta genciana, pó de sulfamida, cibalena, cafiaspirina, pomada minâncora, uvilon, piperazil, emulsão de scott, biotônico fontoura e guaiacol.

Estava lendo um clássico de Philippe Dubois, “O Ato de Fotografar”, e a mente me empurrou para Itabaiana. Terminei no óleo de rícino de Zé Meu Mano e nas delicadezas de Dona Ialtina. Vou parar por aqui.


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