Aracaju (SE), 20 de setembro de 2025
POR: José Lima Santana
Fonte: José Lima Santana
Em: 12/10/2019 às 14:48
Pub.: 14 de outubro de 2019

DULCÍSSIMA DULCE  ::  Por José Lima Santana

José Lima Santana* - jlsantana@bol.com.br

Irmã Dulce (Foto: OSID)

Irmã Dulce (Foto: OSID)

Na língua de Cervantes, “dulce” é doce. Eis o nome que ela escolheu como no seu tempo de iniciação religiosa era comum nas congregações católicas. Dulce era o nome da mãe de Maria Rita, ou seja, da Irmã Dulce. Dulce dos Pobres. O Anjo Bom da Bahia. E por que não do Brasil? O Anjo Bom também de Sergipe. Afinal, aqui ela iniciou a sua vida religiosa, em São Cristóvão. Aqui foi operado o primeiro milagre reconhecido pelo Vaticano, sob a intercessão da Irmã Dulce. 

Desde que o Papa Francisco anunciou a canonização da Irmã Dulce, que fora beatificada sob o papado de Bento XVI, muitos compositores têm dedicado músicas àquela que, neste domingo, 13 de outubro de 2019, será elevada aos altares como santa. Dentre tais compositores, destaca-se Theotônio Neto, cuja música em homenagem à Santa Dulce é interpretada pelo cantor sergipano Roberto Alves, que deu um toque especial à sua interpretação. 

Desde 9 de fevereiro, por decisão do Sr. Arcebispo Metropolitano de Aracaju, Dom João José Costa, eu estou à frente da Paróquia Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, que passará a se chamar Paróquia Santa Dulce dos Pobres. Não sei, numa visão simplista e meramente terrena, porque eu fui parar ali. Porém, acredito nos desígnios. 

A Paróquia citada foi erigida sem uma igreja matriz. Aos poucos, os padres que passaram por ali, como Almi e Wagner, com a colaboração da comunidade, foram fazendo o que era possível. Depois, veio o diácono Francisco, como administrador paroquial. A obra da igreja tomou certo impulso. Paralisou sob embargo da EMURB, em face de problemas com o projeto arquitetônico, que carecia de alterações. Dois meses após eu assumir a Paróquia, deu-se o desembargo da obra, que foi recomeçada. Muito ainda falta para fazer. Será preciso a continuidade das ações generosas da comunidade, que, a bem da verdade, dentro das limitações de cada um e de cada uma, não têm faltado.

Falar em Irmã Dulce é falar na doçura aguerrida, na gentileza firme, na generosidade não passiva. Uma visionária. Uma lutadora. Uma fortaleza por trás do hábito a vestir o corpo frágil. Santa? Desde sempre. Os santos nascem com a auréola dos que pegam no arado sem olhar para trás, dos que tomam a cruz e seguem, dos que se vestem de bons samaritanos (ou de boas samaritanas, conforme o caso), dos que são luz e sal. Dulce era tudo isso. A Bahia sabe muito bem disso. Os baianos, milhares, muitos milhares, sentiram nas entranhas a doçura do seu coração, manifestada em amor que se fazia serviço e em serviço que era prestado com amor. 

Na Igreja Católica, os santos e as santas são canonizados (as) para ganhar os altares. Os não católicos não compreendem isso, não aceitam isso, mas não têm como nem porque compreender e aceitar. São situações postas por um segmento religioso, que 
se compreende e se apresenta no contexto da manifestação de Jesus Cristo, quando disse a Pedro: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Assim o é. Esta é a fé católica. Inabalável. 

A Igreja, ao longo dos séculos, constatou que “os santos e santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja. Com efeito, a santidade é a fonte secreta e a medida infalível de sua atividade apostólica e de seu elã missionário” (Catecismo da Igreja Católica, 828). A todos Deus faz o convite de viver em profunda conformidade com o Evangelho de Jesus Cristo, numa experiência incondicional do mandamento do amor a Deus e ao próximo, a fim de alcançar uma perfeita união com Jesus, ou seja, a santidade. “Sereis santos porque eu sou santo”, disse o Senhor (Lv 11,45).

Existe um caminho que se faz para reconhecer santos e santas alguns homens e mulheres que, como se acredita, Deus escolhe para seguir mais de perto o exemplo de Cristo, e darem testemunho glorioso do Reino dos céus, seja com o derramamento de sangue ou com o exercício heroico das virtudes (Constituição Apostólica – Divinus Perfectionis Magister). 

A Igreja tem sempre conservado a sua memória, propondo aos fiéis exemplos de santidade no seguimento de Cristo. Ao longo dos séculos, os Romanos Pontífices se preocuparam em expedir normas adequadas para facilitar a obtenção da verdade numa matéria de tão grande importância para a Igreja (Sanctorum Mater – Congregação para as causas dos santos).

Na Constituição Apostólica do Papa João Paulo II sobre a legislação relativa às causas dos santos, foram dadas orientações para o processo de canonização, e uma delas é a participação ativa das Igrejas particulares (dioceses). O Documento aponta que “à luz da doutrina sobre a colegialidade proposta pelo Concílio Vaticano II, seria conveniente associar os Bispos à Sé Apostólica no tratamento das Causas dos Santos”. 

Para cada causa é escolhido pelo Bispo um postulador, cuja tarefa é investigar detalhadamente a vida do candidato para conhecer sua fama de santidade. Sendo que já é chamado Servo de Deus o fiel católico do qual se iniciou a causa de beatificação e canonização. 

O primeiro processo é o das virtudes ou martírio. Essa é a etapa mais demorada, porque o postulador deve investigar minuciosamente a vida do Servo de Deus, verificar a fundo a vivência das virtudes. Já no caso de um mártir, devem ser estudadas as circunstâncias que envolveram sua morte, para comprovar se houve realmente o martírio. Ao término desse processo, a pessoa é considerada venerável.

O segundo processo é o milagre da beatificação. Para se tornar beato, é necessário comprovar um milagre ocorrido por sua intercessão. No caso dos mártires, não é necessária a comprovação de milagre. O terceiro e último processo é o milagre para a canonização. Este tem que ter ocorrido após a beatificação. Comprovado esse milagre, o beato é canonizado e o novo santo passa a ter um culto de veneração universal. Não se trata de adoração, como alguns podem entender de forma equivocada. Adora-se unicamente a Deus, único, verdadeiro, vivo. 

Chegou o tempo de Dulce. Santa Dulce. Neste domingo, 13, em Roma, ela será canonizada. Na nossa Paróquia, haverá vigília e adoração ao Santíssimo, a partir das 04:00 horas. A seguir, os fiéis que ali comparecerem poderão assistir a solenidade de canonização através de aparato eletrônico instalado para esse fim. Depois, será servido um café da manhã. Às 08:00 horas, o senhor Arcebispo presidirá a Santa Missa. Para quem não sabe, a igreja de Dulce dos Pobres fica na Rua Orlando Tavares, Aruana. Indo pela Av. Melício Machado, passando pelo primeiro posto de gasolina Petrox, entra na primeira via à direita. Há uma placa indicativa na esquina. Dali, são 800 metros em linha reta. Estão todos convidados.

*PADRE. ADVOGADO. PROFESSOR DA UFS. MEMBRO DA ASL DA ASLJ E DO IHGSE
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