Calvície feminina: silenciosa, emocional e tratável, alerta a dermatologista e tricologista Dra. Fabíola Calvi
A alopecia androgenética é a causa mais comum da perda capilar nas mulheres, e o diagnóstico precoce é essencial para evitar agravamento do quadro.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a calvície feminina atinge aproximadamente 50% das mulheres. Um problema que vai além da estética, e é bem mais silencioso que a calvície masculina, ressalta a dermatologista e tricologista Dra. Fabíola Calvi. Enquanto nos homens as falhas e entradas são visíveis e localizadas, nas mulheres, geralmente o quadro é difuso e gradual.
“A mulher geralmente nota que o cabelo perde volume, a risca vai ficando mais larga e o rabo de cavalo, cada vez mais fino. Justamente por ser discreto, muitas vezes demora para ser percebido — quando já houve perda considerável de fios.”
Segundo Dra. Fabíola, a alopecia androgenética é disparadamente a forma mais comum de queda capilar feminina. “Ela se manifesta com fios cada vez mais finos e frágeis, principalmente no topo da cabeça. O que acontece é que o fio vai ‘miniaturizando’, ou seja, cada vez nasce mais fraco até praticamente não crescer mais.”
O início pode ocorrer cedo, logo após a puberdade, mas o diagnóstico costuma vir mais tarde. “A maioria das pacientes só percebe mesmo a partir dos 30 anos — e, sem dúvida, a menopausa costuma ser um gatilho para a piora”, pontua.
Embora a herança genética pese, outros fatores também têm papel importante. “É muito comum a paciente chegar dizendo ‘não tenho casos de calvície na família’, e mesmo assim apresentar queda”, comenta a especialista. “Isso acontece porque o cabelo reflete o equilíbrio do corpo. Estresse, alterações hormonais, pós-parto, dietas muito restritivas, cirurgias e até deficiências simples, como falta de ferro, podem provocar queda. O cabelo é um grande termômetro da saúde.”
O alerta da médica é para observar os primeiros sinais. “O que mais escuto é: ‘Doutora, de repente percebi que meu cabelo não é mais o mesmo’. Mas os sinais aparecem antes: queda em excesso na escova, no travesseiro, o elástico do rabo de cavalo dando mais voltas, pequenas falhas no couro cabeludo… São detalhes que, somados, merecem atenção.”
Ainda de acordo com Dra. Fabíola, quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maiores as chances de estabilizar o processo e recuperar os fios.
Exames e diagnóstico preciso
O primeiro passo é uma boa avaliação clínica. “O exame mais importante ainda é o olho clínico do dermatologista”, ressalta. “Nada substitui uma conversa detalhada para entender o momento de vida do paciente.”
Entre os recursos diagnósticos, ela destaca a tricoscopia, uma espécie de lupa digital que analisa o couro cabeludo em detalhes. “Também peço exames de sangue, já que é comum encontrar anemia, deficiência de vitamina D, alterações de tireoide, entre outros. E, em casos mais complexos, a biópsia pode ser necessária para confirmar o diagnóstico.”
Tratamentos personalizados e ciência como aliada
Para a dermatologista, o transplante capilar é apenas uma das opções — e raramente a primeira. “Hoje temos muitos recursos antes de pensar em transplante. Podemos usar loções, medicações orais, reposição de vitaminas e minerais, microinfusão de medicamentos (MMP®ï¸), laser capilar, LEDterapia, microagulhamento… Cada paciente exige uma combinação personalizada.”
E faz um alerta: “Não existe milagre, mas existe ciência. Quando o tratamento é feito com regularidade e acompanhado de perto, os resultados podem ser surpreendentes.”
Autoestima e cuidado emocional
Mais do que uma questão física, a perda capilar afeta diretamente a autoconfiança feminina. “A queda de cabelo mexe profundamente com a autoestima da mulher. Não é apenas estética, é identidade. O cabelo é parte da forma como nos apresentamos ao mundo”, enfatiza Dra. Fabíola.
Ela reforça a importância de buscar ajuda especializada e evitar soluções milagrosas: “Não se deve ter vergonha de procurar um profissional. E é preciso cuidado com receitas caseiras e produtos milagrosos da internet — eles não resolvem e ainda podem atrasar um tratamento que, se iniciado cedo, teria muito mais chance de sucesso”, finaliza.