Programas Sociais ou Futuro Produtivo? O Brasil Precisa Parar de Tapar o Sol com a Peneira :: Por Marcos Pinheiro
Por décadas, o Brasil tem se comportado como aquele tio bonachão que paga todas as rodadas no bar, mas nunca investe no próprio negócio. Desde FHC até Lula, passando por Dilma, Temer e Bolsonaro, o Estado brasileiro vem despejando bilhões, sim, bilhões, em programas sociais, numa tentativa nobre (e politicamente útil) de combater a pobreza. O resultado? Um alívio momentâneo, um respiro aqui, uma cesta básica ali… e uma dependência crônica que parece ter vindo com cláusula de fidelidade.
É inegável que essas políticas trouxeram ganhos imediatos: mais crianças na escola, menos estômagos roncando, algum alívio no desespero diário de milhões. Mas passadas duas décadas, ainda estamos ouvindo o mesmo disco riscado: “fome, miséria, vulnerabilidade social”. Ué, mas não era pra esse filme já ter acabado?
Enquanto isso, as micro e pequenas empresas, responsáveis por mais de 70% dos empregos formais do país e 99% dos CNPJs ativos, continuam sendo tratadas como o “primo pobre” da política econômica. Querem um exemplo? Em 2024, o governo vai gastar R$ 168 bilhões com o novo Bolsa Família. Quantos bilhões foram destinados para crédito barato, capacitação ou desoneração para o pequeno empreendedor? Zero vírgula quase nada.
A linha do tempo é didática, e dolorosa: Lula I e II (2003–2010): Bolsa Família ganha corpo, chega a R$ 12 bi/ano. Enquanto isso, microempresas abrem aos montes… e morrem com a mesma velocidade. Sobrevivência de até 4 anos? Só com milagre; Dilma (2011–2016): Gasto social explode. Desonerações pontuais aqui e ali, mas nada que estruturasse o pequeno negócio. A crise fiscal de 2015 varreu 700 mil empresas do mapa; Temer (2017–2018): MEIs nascem aos milhares, mas continuam sendo “cadastrados sem futuro”. Falta crédito, falta apoio, falta tudo; Bolsonaro (2019–2022): Auxílio Emergencial injeta R$ 229 bilhões no mercado. Alívio importante, sim. Mas mais de 1 milhão de empresas fecharam na pandemia; Lula III (2023–2024): O novo Bolsa Família volta vitaminado. E os pequenos empreendedores? Continuam comendo pelas beiradas.
O dilema brasileiro é esse: de um lado, um Estado que prefere doar peixe, em vez de ensinar a pescar. De outro, milhões de brasileiros que querem e precisam de vara, isca, barco, rede… e licença para pescar! E, claro, um rio que não esteja poluído por burocracia e impostos sufocantes.
Não se trata de acabar com programas sociais. Eles são essenciais. Mas eles deveriam ser pontes, não prisões. O que está faltando é a porta de saída. O incentivo à autonomia. A trilha para a emancipação financeira.
A proposta é simples, mas corajosa: Porta de saída clara: programas sociais devem ter limite de permanência. Dois anos, com suporte real para transição. Nada de aposentadoria na fila do Bolsa Família; Redirecionamento gradual de recursos: em vez de aumentar o cheque social, que tal investir pesado em quem emprega? Menos imposto, mais crédito, mais capacitação; Capacitação real: cada família deveria sair do programa com um curso técnico, um plano de negócio, uma profissão. Porque a dignidade vem com autonomia, não com código de saque.
A fome do Brasil não se vence com Pix. Vence-se com liberdade, trabalho e oportunidade. E, por favor, que ninguém se engane: caridade estatal sem emancipação é apenas populismo com embalagem social.
É hora de parar de tapar o sol com a peneira, Brasil. Chega de remendar o presente e começar, de verdade, a construir o futuro. Porque uma nação que investe só em apagar incêndio social acaba esquecendo de acender a tocha do desenvolvimento. E nesse breu, quem sofre é sempre o povo.