Comum em diversas faixas etárias, alopecia pode ser tratada com acompanhamento de dermatologista
A condição provoca queda crônica de cabelo e atinge aproximadamente 40 milhões de brasileiros
A queda de cabelo é uma queixa frequente entre brasileiros e pode surgir por diferentes motivos. O termo técnico para essa condição é alopecia, que abrange variados tipos e causas, desde fatores genéticos até alterações hormonais e comportamentais. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS), estima-se que cerca de 40 milhões de pessoas convivam com algum grau da condição no país, o que reforça a importância de reconhecer os sinais precocemente e buscar acompanhamento adequado para evitar o agravamento do quadro.
Entre os principais fatores associados à alopecia, a herança genética é um dos mais recorrentes. No entanto, situações como cirurgias recentes, grandes perdas de peso, infecções, uso de medicamentos emagrecedores e implantes hormonais, como o chamado “chip da beleza”, também estão entre os gatilhos para a condição. “Algumas quedas de cabelo podem se recuperar espontaneamente em alguns meses, mas quando a perda se prolonga por mais de seis meses, é necessário tratamento especializado para evitar a evolução do quadro”, explica a dermatologista Thâmara Morita, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Sergipe.
Principais tipos de alopecia
Entre as formas mais comuns está a alopecia androgenética e está ligada à herança familiar, provocando o afinamento progressivo dos fios. “Essa condição, popularmente conhecida como calvície, pode atingir homens e mulheres desde cedo, especialmente quando há histórico de rarefação capilar. Nos homens, a queda costuma começar nas têmporas e no topo da cabeça, enquanto nas mulheres o afinamento é mais difuso e central”, detalha Thâmara.
Outra forma é a alopecia areata, doença autoimune que causa falhas arredondadas no couro cabeludo, sobrancelhas ou barba. “Essa condição pode gerar grande impacto emocional. Por isso, é essencial o acompanhamento para controle e tratamento”, orienta a médica.
Já as alopecias cicatriciais, como a alopecia de tração, provocam a destruição definitiva dos folículos capilares e são mais frequentes em pessoas que mantêm penteados muito apertados. “Tendências de beleza recentes, como a estética Clean Girl, que valoriza penteados assim, associadas ao uso constante de químicas e fontes de calor como chapinhas e secadores, aumentam o risco de alopecia de tração. Esses hábitos enfraquecem os fios e podem causar perda definitiva”, alerta Thâmara.
Diagnóstico e tratamentos
O diagnóstico deve ser feito por um dermatologista, com avaliação clínica e exame do couro cabeludo por meio do dermatoscópio, equipamento que amplia a visualização dos fios. Em alguns casos, é necessária uma biópsia para confirmar o tipo de alopecia. “Nem toda queda de cabelo é igual, e por isso não existe um tratamento único. Automedicar-se com vitaminas ou produtos de farmácia pode atrasar o diagnóstico e agravar o problema”, destaca a especialista.
Entre os tratamentos mais indicados estão o minoxidil, que estimula o crescimento capilar e melhora a circulação, e a espironolactona, usada principalmente por mulheres para reduzir a ação hormonal sobre os folículos. Em alguns casos, o tratamento combina terapias tópicas, orais e injetáveis, conforme a gravidade da condição.
A médica reforça ainda a importância dos cuidados diários. “Lavar o cabelo conforme a necessidade do tipo de fio, evitar prendê-lo molhado e protegê-lo do calor são medidas essenciais. Tinturas e químicas não causam queda direta, mas processos de descoloração enfraquecem os fios e aumentam a quebra. Por isso, é importante usar protetores térmicos e manter a estrutura capilar saudável”, orienta.
Para Thâmara, o cabelo é um reflexo da saúde geral e pode indicar quando algo no organismo não vai bem. “Procurar orientação dermatológica é o primeiro passo para entender a causa da queda e restaurar não só os fios, mas também a autoestima e o bem-estar”, finaliza.
Sobre Thâmara Morita
Thâmara Morita formou-se em Medicina pela Universidade Federal de Sergipe e concluiu residência em Dermatologia na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Ela possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, doutorado pela Universidade de São Paulo e atua como professora de Dermatologia na Universidade Tiradentes em Aracaju. Com mais de 15 anos de experiência, dedica-se ao tratamento de doenças de pele, cabelos e unhas, participa de congressos e contribui com publicações científicas especializadas. Atualmente é presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia/Regional Sergipe.