Senador Elber Batalha teme prejuízos ao consumidor com o fim da compra parcelada sem juros no cartão
Senador Elber Batalha (Foto: Rafael Nunes)
“Na prática, o consumidor faria as compras com base em um limite concedido pelo banco, que poderia ser utilizado em qualquer loja. Ou seja, a opção de número de parcelas não caberia mais ao lojista que vende o produto ou a empresas que oferecem um serviço, mas, sim, aos bancos, que colocariam limites nos pagamentos”, explicou.
A intenção, de acordo com a Associação, seria reduzir o custo em caso de inadimplência do consumidor e dividir com bancos e lojistas prejuízos existentes. Mas, o senador alerta que apesar de dizerem que o modo de parcelamento com juros, o custo ficará mais claro para o consumidor, é preciso mensurar impactos para o consumidor.
O senador Elber acredita que as empresas de cartão deveriam medir esforços para trazer alguma novidade para aliviar a vida do consumidor, em especial o de baixa renda, que vive o inferno do endividamento.
Ele lembrou que 80% dos que atrasam o pagamento da fatura são das classes de baixa renda. E que os gastos não são em compras supérfluas, já que de acordo com dados da própria Abecs, os alimentos aparecem na fatura de 50% dos brasileiros. Em seguida, vêm os produtos de farmácia, consumidos por 37%. “Se a ideia é dar aos bancos a oportunidade de reduzir riscos, por que não adotar também política que inverta esse quadro de inadimplência?”, questionou.
Elber acredita que uma solução seria uma discussão entre o Banco Central e o sistema financeiro sobre a efetividade de novos mecanismos que permitam a redução dos juros do cartão e do cheque especial. Para ele, assim, com certeza, haveria redução da inadimplência, com efeitos positivos também no estímulo à atividade econômica.
Sobre as alegações das associações de cartões de crédito de que o fim do parcelamento sem juros vem para adequar o Brasil ao sistema internacional, que não admite essa modalidade, o senador acredita que a solução estaria em reduzir o peso dos impostos sobre o consumo.
“A compra parcelada sem juros corresponde a cerca de 50% das vendas com cartão, algo em torno de R$ 400 bilhões, ou 7% do Produto Interno Bruto. É muito dinheiro e muitos são os interesses envolvidos. Portanto, chamando a atenção para a necessidade do Senado tomar pé desta situação e buscar os esclarecimentos sobre a noticiada negociação que estaria em andamento entre Banco Central e entidades”, concluiu.