Diabetes aumenta risco de cegueira e exige acompanhamento oftalmológico regular, alerta especialista
Presidente da Sociedade Sergipana de Oftalmologia reforça importância das consultas regulares para prevenir retinopatia diabética
O mês de novembro não se limita às campanhas de prevenção do câncer de próstata. O período também é marcado pelo alerta sobre o diabetes e suas complicações, que afetam diversos órgãos, incluindo os olhos. Entre elas, a retinopatia diabética é uma das mais graves, podendo levar à cegueira irreversível se não diagnosticada a tempo. O controle da glicemia, aliado a consultas periódicas com o oftalmologista, é fundamental para preservar a visão.
Segundo o Atlas de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), cerca de 589 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivem com diabetes no mundo. O Brasil está entre os dez países com maior número de casos e pode alcançar 24 milhões de pessoas nas próximas décadas. De acordo com o presidente da Sociedade Sergipana de Oftalmologia (SSO), Dr. Allan Luz, o esse aumento tem reflexo direto no número de pacientes com complicações oculares, especialmente a retinopatia diabética.
“O diabetes descontrolado faz com que os vasos sanguíneos do fundo do olho, que são muito finos, fiquem frágeis. Eles podem se romper e causar pequenos sangramentos, edemas e até o descolamento da retina. Mesmo quem mantém a glicemia sob controle precisa ficar atento, porque com o passar dos anos, o risco aumenta. O acompanhamento oftalmológico deve começar logo após o diagnóstico da doença”, alerta
Nos estágios iniciais, a retinopatia costuma se desenvolver de maneira silenciosa, sem dor ou incômodo. Quando os sinais surgem, o mais recorrente é o embaçamento da visão central, que pode evoluir para perda parcial ou total da visão. O diagnóstico é realizado por meio de exames como retinografia e tomografia de coerência óptica, capazes de detectar alterações vasculares de forma precoce.
“O acompanhamento com o especialista é essencial. Orientamos que a consulta oftalmológica seja feita pelo menos uma vez ao ano, inclusive por quem não tem diabetes. No caso dos pacientes diabéticos, essa frequência precisa ser maior, variando entre quatro e seis meses, dependendo do risco e da gravidade do quadro”, orienta.
Tratamento e controle
A retinopatia diabética não tem cura, mas o tratamento pode interromper o avanço da doença e preservar a visão. As opções incluem aplicações intraoculares para conter a formação de vasos frágeis, além do tratamento a laser e, em algumas situações, cirurgia.
“Esses novos vasos, chamados de neovasos, surgem como uma tentativa do organismo de compensar áreas com falta de irrigação, mas são frágeis e se rompem facilmente, causando sangramentos e acúmulo de líquido. O laser e as medicações ajudam a controlar essa proliferação e a reduzir o edema, preservando a retina”, explica o presidente da SSO.
A melhor forma de evitar a retinopatia é prevenir o diabetes e manter controle rigoroso da glicemia. O acompanhamento oftalmológico deve ser encarado como parte do tratamento e não apenas como uma consulta para troca de óculos.
“É uma avaliação médica completa, que observa a pressão intraocular, o fundo do olho e identifica alterações silenciosas. Quanto mais cedo forem detectadas, maiores são as chances de preservar a visão. A partir do momento em que há o diagnóstico de diabetes, em algum momento uma lesão pode surgir, mesmo com o controle. Por isso, é preciso investir em um estilo de vida saudável e consultas regulares”, finaliza o Dr. Allan Luz.
Sobre o Dr. Allan Luz
Especialista em transplante de córnea, tratamento do ceratocone e cirurgia refrativa, Dr. Allan Luz tem uma trajetória consolidada na oftalmologia. Formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), iniciou sua carreira ao lado do Dr. Mário Ursulino, fundador do Hospital de Olhos de Sergipe (HOS), referência na área no Estado. Atualmente, é professor e coordenador do curso de especialização do HOS, pioneiro e único na área em Sergipe, além de presidir a Sociedade Sergipana de Oftalmologia.
Com doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), Dr. Allan Luz recebeu premiações nacionais e internacionais e se destaca como palestrante em congressos e simpósios. Em sua trajetória, acumula mais de 100 aulas em eventos científicos e 40 artigos publicados em periódicos especializados, consolidando sua expertise no campo da oftalmologia.