Carreira médica em alta: aumento de vagas para residência acirra concorrência
Crescimento do número de médicos no Brasil pressiona sistema de residência e amplia desafios da especialização

Hoje existem mais de 570 mil médicos em todo o Brasil, e o número deve chegar a mais de 1,15 milhão até 2035, segundo o estudo Demografia Médica, de 2025, realizado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Associação Médica Brasileira e o Ministério da Saúde.
A pesquisa, que busca compreender o cenário atual da medicina no país e fazer estimativas sobre o futuro da carreira médica, coleta dados em todo o território e revela as principais características da área.
A valorização da carreira médica no Brasil
Os dados mostram que, apenas nos últimos cinco anos, 116,5 mil novos médicos entraram no mercado. Isso demonstra a valorização e a importância da medicina no Brasil, onde hoje a relação de médico por habitante é de 2,98 a cada 100 pessoas.
O crescimento do número de médicos é de mais de 100% em relação ao ano 2000, e isso se dá por diferentes fatores, como maior número de vagas nos cursos e programas como o Mais Médicos e a Política Nacional de Atenção Especializada em Saúde (PNAES).
Em 20 anos, de 2004 a 2024, foram abertas, por ano, cerca de 2,5 mil vagas para o curso de medicina. Antes, eram 13.820, e no ano passado, 48.491. O aumento da disponibilidade foi impulsionado pelas faculdades particulares, responsáveis por 91% das vagas.
Ao passo que aumentam as vagas nos cursos, também crescem as oportunidades de residência médica. Entre 2018 e 2024, a R1, na região Nordeste, passou a ter 33,4% mais vagas, sendo que em Alagoas o aumento foi de 70,2%.
A concorrência ainda é alta
Nacionalmente, no entanto, o crescimento de vagas de residência foi de apenas 20%. Ou seja, é um aumento bem mais lento do que o de médicos recém-formados.
Conforme o estudo da USP, em 2024, havia pouco mais de 16 mil vagas de residência disponíveis, sendo que, em 2023, se formaram em medicina 32,6 mil estudantes. Isso mostra que o cenário é de muita competitividade e que se especializar é uma tarefa desafiadora.
Uma das estratégias, então, passa a ser buscar vagas em regiões menos disputadas ou com maior oferta, diferentemente do Sudeste do país, ou então utilizar notas de provas de desempenho para entrar nas instituições.
Conforme o edital do Enamed, exame que será aplicado pela primeira vez neste ano, por exemplo, é possível utilizar a nota obtida na prova por até três anos para concorrer a vagas por meio do Exame Nacional de Residência (Enare).
Regiões e especialidades com mais médicos
Apesar do aumento de médicos e vagas para formar novos profissionais, ainda há concentração em algumas especialidades e também nas regiões Sul e Sudeste do país.
As especialidades com mais médicos são as seguintes.
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A clínica médica reúne 12,4% dos médicos, contando com mais de 59 mil especialistas.
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A pediatria tem 10% dos profissionais, com quase 48 mil.
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Na cirurgia geral, estão 7,8% dos médicos, representando 37 mil deles.
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Ginecologia e obstetrícia têm 7,4% da fatia, com 35,5 mil médicos.
Em seguida, aparecem anestesiologia (4,7%), cardiologia (4,3%) e ortopedia e traumatologia (4%).