Pata Pata, um amigo incondicional :: Por Elton Coelho

Pata Pata, um amigo incondicional - Foto: Elton Coelho
Pela descrição do produto, à venda nas bancas de feiras, mercados, armarinhos e até pela internet, a definição é objetiva: “pente escova oval pata pata. Usada para massagem no cabelo. Ideal para cabelos curtos”.
A simbiose entre ele e eu é perfeita. Para onde vou, tem um. Na casa, no carro, na “necessaire”. E digo mais, um precioso acessório que carrego comigo faz mais de 35 anos. Um deles se mostrou tão eficiente na fabricação que até hoje resiste aos penteados sem que a parte que o conduz à cabeça, um anel que você coloca num dos dedos da mão, quebrasse. Faz o serviço diário e direitinho.
Deste “amuleto”, lembro de tê-lo conduzido a vários Estados brasileiros – de Brasília ao Rio Grande do Sul, de Pernambuco a Mato Grosso – sem contar duas idas às “zoropa”, em Madri, Toledo (Espanha), Lisboa (Portugal) e outras duas à Argentina.
Pode parecer surreal, mas o pata pata se planta com uma luva no meu bolso, levo-o também às solenidades e eventos mais concorridos – menos carnaval e São João, claro – para descortinar o que se atribui ao vício das mulheres, que têm em suas bolsas dos pentes à maquiagem. Ledo engano. Pra falar sério, são também os homens providos de vaidades e que não se furtam a levar pequenos pentes em seus bolsos e irem ao banheiro massagear o couro cabeludo e se postar de arrumados.
Confesso incondicionalmente, sou assim, a ponto de Flávia, a esposa que me orienta pras vestes masculinas, também já ter se acostumada a só descer do carro quando eu, invariavelmente, levo ao casco um penteado de pata pata. Pronto, ali tô satisfeito, sinto-me contemplado.
Por estes pequenos detalhes da vida é que nos apegamos a objetos e produtos sem nos darmos conta de que eles nos acompanham no dia a dia, como a escova dental, o crucifixo no pescoço, a braçadeira, o colar. Tem gente que não se desapega destas coisas, já reparou? Meu amigo de todas as horas, pata pata, se fosse escrever um livro, teria muita história a contar, testemunha ocular de casos e mais casos que a vida nos apronta.
Como ele é somente um plástico oval e de dentes afiados, não ouve, não fala e não escuta, tá resolvido o problema. Nem pra fofoqueiro serviria, mas embeleza, aguça o ego e viaja pra caramba. Ainda não me inventaram pente melhor, por isso sigo fiel, amigo e comparsa. Nem escova quero.
Por: Elton Coelho*
*Jornalista, atual diretor de Comunicação da Prefeitura Municipal de Aracaju e assessor de Imprensa da FCDL/Sergipe