Como você usa o chat GPT?
A OpenAI, criadora do ChatGPT, publicou no dia 15 de setembro seu primeiro estudo público detalhado sobre quem usa seu chatbot e quais tarefas são mais frequentemente solicitadas. O relatório fornece informações sobre como as pessoas estão usando a ferramenta de IA atualmente e sobre os temas que estão comunicando com a ferramenta.
O artigo se baseia em registros de bate-papo de 1,5 milhão de usuários do ChatGPT entre maio de 2024 e junho de 2025, e contou com a parceria da universidade de Harvard.
Um dos usos mais populares foi o de “busca de informações”, fato que chama a atenção da pesquisadora Jullena Normando. “Isso significa que a máquina já se consolidou como um suporte para o nosso jeito de pensar. Mas isso traz responsabilidades que não podem e não devem ser terceirizadas para um algoritmo, como pensamento crítico e reflexão, estes precisam continuar acontecendo e a máquina usada apenas como um suporte, que é o que os dados nos mostram.”
Outro dado marcante, é que o uso cresce mais rápido em países de baixa e média renda. Além disso, o estudo mostra que pessoas com mais escolaridade, tendem a usar o GPT para refinar suas decisões. Enquanto os outros grupos usam mais como um atalho. Para a pesquisadora isso pode ampliar as desigualdades. ”Porque quem tem formação crítica, aquele pessoal que estuda mais, vai conseguir extrair mais valor. E quem não tem, corre o risco, ou tende a ficar mais vulnerável às limitações e às orientações, os vieses da máquina.”
“Há um perigo real de uma dependência sem crítica mais perigosa até do que as consequências da plataformização. E isso pode reforçar os vieses e ter consequências ainda mais drásticas do que a gente percebe com a polarização, por exemplo. Pode até ser repetitivo, mas sempre é preciso dizer que o chat GPT não pensa para nós, ele é uma ferramenta desenhada por empresas privadas. Então a gente tem que olhar os dados, com criticidade, para a gente não perder o foco dos riscos.”
Jullena Normando é pesquisadora em Comunicação e Inteligência Artificial na UFG com estágio na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD).