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Aracaju (SE), 12 de setembro de 2025
POR: Marcio Rocha
Fonte: Marcio Rocha
Em: 12/09/2025 às 15:46
Pub.: 12 de setembro de 2025

E o tarifaço foi um tiro no pé :: Por Marcio Rocha

Marcio Rocha*

Marcio Rocha - Foto: Arquivo Pessoal

Quando Donald Trump anunciou o tarifaço contra o Brasil, impondo uma sobretaxa de 50% sobre grande parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos, já era possível prever que o movimento teria um efeito duplo. De um lado, causaria perdas imediatas para setores exportadores brasileiros que dependiam do mercado norte-americano. De outro, abriria espaço para que o Brasil buscasse novos destinos para seus produtos, diversificando mercados e reduzindo a dependência de um único comprador. O que parecia apenas um desafio, portanto, também representava uma oportunidade.

Passados os primeiros meses, os números confirmam essa leitura. As exportações brasileiras para os EUA caíram -18,5% em agosto de 2025 na comparação anual, com destaque para produtos como café, carne e derivados do setor siderúrgico. No entanto, ao mesmo tempo, houve um redirecionamento bem-sucedido: as vendas para o México cresceram +17,2%, a Argentina ampliou suas compras em expressivos +42,4%, enquanto a União Europeia e o Japão registraram altas de +7,4% e +7,3%, respectivamente. No setor de carnes, o México ultrapassou os Estados Unidos como segundo maior destino. Já no café, produto emblemático da pauta exportadora, os embarques para Alemanha, México e Colômbia compensaram parte da queda do mercado norte-americano. A Colômbia teve aumento de exportação de café para os Estados Unidos, mas comprou o nosso para compensar. Foi bom até para eles.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, a história foi bem diferente. O tarifaço, vendido como um gesto de proteção à economia doméstica, já mostra sinais de ter sido um tiro no pé. Os índices oficiais revelam que a inflação de alimentos subiu mais que a média geral dos preços: +3,2% em doze meses até agosto, com alta de +2,7% nos supermercados e quase +3,9% em refeições fora de casa. Para o consumidor americano, o impacto é direto: café mais caro, carne com preços mais elevados, restaurantes repassando aumentos nos cardápios. A suposta proteção se transformou em custo para as famílias, especialmente as de renda mais baixa.

Em vez de garantir ganhos duradouros para os Estados Unidos, o tarifaço desorganizou cadeias produtivas, reduziu a previsibilidade para importadores e abriu espaço para que o Brasil consolidasse novas parcerias comerciais. O país perdeu parte do mercado americano, é verdade, mas encontrou portas abertas em outras regiões, fortalecendo sua presença global. Do ponto de vista estratégico, a medida acabou acelerando um processo de diversificação que será positivo para o Brasil no médio e longo prazo. Já para os americanos, restou a conta: menos acesso a produtos competitivos e inflação mais alta na mesa do consumidor.

No fim das contas, o tarifaço não foi a demonstração de força que o cara lá esperava. Foi, sim, uma política protecionista mal calibrada, que penalizou exportadores brasileiros, que sobreviveram por outros caminnhos, mas feriu principalmente o próprio bolso do povo americano.

*Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva e MBA em Business Intelligence com experiência de 26 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

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