Fim da Jornada 6x1: é urgente construir relações trabalhistas mais justas
Os trabalhadores do comércio e serviços de Sergipe reforçam a luta pelo fim da jornada 6x1 e apontam a necessidade de fortalecer a discussão sobre o tema, colocando-o na pauta central das reivindicações trabalhistas.
Para Ronildo Almeida, presidente da Federação dos Empregados no Comércio e Serviços do Estado de Sergipe (Fecomse), o debate sobre a redução da jornada de trabalho reforça a urgência em alinhar as relações de trabalho à evolução da humanidade, priorizando o bem-estar, a saúde mental e a qualidade de vida da classe trabalhadora.
"A jornada 6x1 é um formato ultrapassado, com traços ainda vinculados à lógica da exploração do homem pelo homem. Existem patrões que ainda querem reproduz resquícios da escravidão, sem respeito algum ao trabalhador. É preciso entender que as relações de trabalho devem priorizar a dignidade humana e buscar o equilíbrio saudável entre o tempo dedicado à ocupação e o tempo dedicado à vida pessoal", propõe Ronildo Almeida.
Adoecimento silencioso - Em Sergipe, relembra o presidente da Fecomse, os trabalhadores do comércio e serviços carregam há décadas essa bandeira, exigindo a redução da jornada para 36 horas semanais, um direito que deveria ser básico, mas que ainda encontra resistência de setores que se beneficiam da exaustão alheia.
"Estamos vivenciando o adoecimento silencioso da classe trabalhadora. O ritmo imposto pela jornada 6x1 compromete o convívio familiar, afeta a capacidade de descanso e reduz o tempo necessário para atividades básicas de cuidado pessoal. O resultado aparece em forma de ansiedade, doenças física e mental e queda de motivação. E não é por 'fragilidade', mas porque ninguém é capaz de sustentar anos de trabalho extenuante, com descanso insuficiente e poucos momentos para família, lazer e se cuidar", denuncia Ronildo Almeida.
"Discurso furado" - Para o sindicalista, o argumento patronal de que reduzir jornada “quebra empresa” já não se sustenta. Ao contrário. Em diversas partes do mundo, empresas que adotaram modelos de 36 ou até 32 horas tiveram aumento de produtividade, menos erros, menos afastamentos médicos, mais inovação e equipes mais motivadas. E também crescimento na oferta de emprego.
O que quebra empresa não é a jornada justa, é a incapacidade de modernizar a gestão e respeitar os direitos dos trabalhadores. Equipes que têm tempo para descanso adequado, lazer, família e desenvolvimento pessoal retornam ao trabalho mais engajadas, criativas e capazes de resolver problemas com agilidade.
Vida além do trabalho - A luta pelo fim da jornada 6x1 faz parte de uma discussão global sobre o sentido do trabalho e o lugar dele na vida das pessoas. À medida que a tecnologia avança e a sociedade evolui, cresce a compreensão de que o tempo é o bem mais precioso, e que a vida não pode ser totalmente consumida pela rotina laboral.
“Ter tempo para viver, descansar, aprender, conviver e existir é um direito básico. E é essa compreensão que fortalece a luta da classe trabalhadora. A luta continua porque só existe evolução quando existe coragem para enfrentar estruturas injustas", ressalta Ronildo Almeida.