Sergipe utilizará laboratório próprio para analisar resíduos de agrotóxicos em alimentos
Em reunião com órgãos parceiros, ITPS se colocou à disposição, ofertando um de seus laboratórios para análises de resíduos de agrotóxicos em alimentos.

Laboratório de Química Orgânica do ITPS vai analisar resíduos de agrotóxicos em alimentos (Foto: ITPS/SE)
O uso indiscriminado de agrotóxicos em alimentos é um grande problema de saúde pública. Pensando nisto, o Governo de Sergipe, por meio do Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS), promoveu um debate acerca da implantação do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Sergipe já possui um laboratório, que pretende tornar-se referência no Nordeste neste tipo de análise, atendendo a demanda de Sergipe e de estados vizinhos.
Na oportunidade, o gerente geral de Toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Carlos Alexandre Oliveira Gomes, esteve palestrando sobre a importância do monitoramento da presença dos agrotóxicos em alimentos e as consequências do uso indiscriminado dessas substâncias para a saúde da população. Segundo ele, Sergipe integra desde 2004, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), e partir de agora, tem grandes chances, por meio do ITPS, de aprimorar este tipo de monitoramento, e proteger a população.
“A participação do ITPS é importantíssima porque o Estado agora apresenta condições de fazer seu próprio programa de monitoramento e de tomar ações junto com outros órgãos do governo para que sejam adotadas boas práticas agrícolas no campo, protegendo o trabalhador rural e melhorando a qualidade dos produtos ofertados ao consumidor”, relata.
De acordo com o diretor-presidente do ITPS, Kaká Andrade, o objetivo é que Sergipe se transforme em referência global, sendo uma central de análise destes agentes químicos. Porém, a priori, Andrade informa que é necessário agir com a visão local, atendendo às necessidades do estado.
“Vamos fazer o dever de casa. Primeiro vamos pegar corpo e experiência diante da nossa realidade e assim abrir para as regiões e estados vizinhos, já que no Nordeste, poucos são os laboratórios que estão equipados a realizarem análises de agrotóxicos”, esclarece.
Ainda segundo o diretor-presidente, em Sergipe, o uso indiscriminado de agrotóxicos em alimentos é uma realidade e, por isso, é preciso um soma de esforços entre os órgãos para controlar a situação.
“É uma ação de governo em que o ITPS está se estruturando. Órgãos como a Emdagro, Cohidro, Fapitec, Seagri, Semarh, Agrese, Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, Sedurb, Ministério Público Estadual e Ministério do Trabalho estão nos apoiando. Já estive também em Brasília dialogando com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e juntos vamos somar esforços, visando à proteção da sociedade sergipana”, conta.
Rastreamento de agrotóxicos
Há quatro anos, o Ministério Público Estadual (MPE) tem um inquérito civil que visa o controle de rastreamento de agrotóxicos em todo o estado. Segundo a promotora de justiça do órgão, Cláudia Calmon, o MPE já adotou várias ações. Uma delas é o financiamento de um software que irá realizar a identificação destes produtos químicos nos alimentos. O software foi financiado junto ao Banco Mundial e Estadual (através do Programa Águas de Sergipe) e está integrado a Secretaria de Estado da Fazenda, a Associação dos Revendedores de Produtos Agropecuários do Estado de Sergipe (Ardase) e ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA).
”Todas as receitas agronômicas serão lançadas neste software. A gente vem lutando também pela instalação de laboratório de analise de resíduos de agrotóxicos aqui no estado. Com a entrada de Kaká no ITPS, foi possível realizar esse sonho do MPE que vai beneficiar toda a população sergipana. O ITPS abraçou a causa. Estamos conseguindo levar a frente iatravés do programa Águas de Sergipe, que vai financiar a compra de cromatógrafo (instrumento analítico que permite analisar diversos compostos em uma amostra) e no laboratório do Instituto vamos conseguir rastrear e fazer a análise dos resíduos nos alimentos. Inicialmente, os alimentos analisado serão tomate, alface e laranja da região de Itabaiana e Tomar do Geru. Posteriormente outros alimentos nas redes de supermercados”, informa.
Segurança alimentar
A Vigilância Sanitária de Sergipe realiza o trabalho de monitoramento e conscientização do uso indiscriminado do agrotóxico, visando a segurança alimentar da população. De acordo com a diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Mércia Feitosa, a parceria com os demais órgãos do Estado vem no momento oportuno.
“A secretaria tem projetos de ampliar as vigilâncias. É oportuna a inserção no programa para fortalecer as parcerias que estamos criando com o ITPS. A utilização de um produto como o agrotóxico vai trazer um acúmulo de alguns outros problemas da saúde do organismo. Então, o nosso trabalho é monitorar e conscientizar a sociedade para o ganho individual de cada um, a fim de ter olhar diferenciado para a utilização destes produtos”, declara.