Médicos e enfermeiros da Área Vermelha do Huse reagem contra artigo raivoso do Cinform
No último dia quatro, em sua edição online, o jornal Cinform publicou artigo contra o Governo do Estado, tendo como alvo a Área Vermelha do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). Com texto destilando raiva e um profundo rancor, o jornalista se apropriou do conhecimento científico que não possui para desqualificar a gestão da saúde pública de Sergipe, mas atingiu também os profissionais médicos e enfermeiros que, diuturnamente, enfrentam uma batalha para salvar a vida dos pacientes que chegam em estado grave naquela unidade hospitalar que opera com superlotação permanente.
Desconhecedor dos fatos reais e levado pela inconsequência da presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe, o jornalista feriu o mais sagrado dos princípios jornalísticos que foi o de negar à parte ofendida ou denunciada, o direito de se pronunciar. Ao afirmar que a Área Vermelha do Huse se pratica o genocídio, o jornalista insulta não apenas a gestão, mas, a honra profissional dos que lidam naquele espaço de salvação de vidas.

Mmédico e Referência Técnica da Área Vermelha do Huse, Renato Mesquita (Foto: SES/SE)
Segundo o Referência Técnica, o Huse tem uma taxa de mortalidade de doenças como a Sepse (infecção generalizada) em torno de 30% a 40%, quando a média de óbitos no Brasil para esse tipo de enfermidade é de 50% a 60%. “Os dados que apresento são confiáveis, são da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e mostram que Sergipe está abaixo da média nacional em mortalidade por Doença Sepse”, frisou.
Renato Mesquita garante que o artigo é falacioso. “É notório a superlotação do Huse, as condições em que a gente trabalha, mas quando você fala em genocídio você implica a culpa em alguém e a equipe que esta lá postada e que toma conta desses pacientes, o peso recai sobre esses profissionais que tomam conta do paciente. Então assim, você tem que ter cuidado quando vai colocar coisas técnicas e faz associações muito frustras entre uma causa e um efeito, sem uma análise profunda dos fatos e do contexto. Isso é tecnicamente irresponsável”, opinou.
O enfermeiro e gerente da Área Vermelha do Huse, Luciano Lopes de Queiroz, expressa a frustração da colegas. “É um sentimento de tristeza porque há uma dedicação muito grande de todos os profissionais, enfermeiros, médicos e fisioterapeutas que aqui atuam. Enfrentamos uma batalha diária para salvar vidas e, as acusações feitas, nos deixam tristes por partir de alguém que é da classe, é da saúde, que conhece a realidade, conhece as dificuldades que enfrentamos no setor público e conhece o esforço, a batalha. Conversando com meus colegas, ninguém ficou contente com isso. Ficamos tristes por tudo que ela veiculou de forma irresponsável”, desabafou.