"O Cultivo da Soja em Sergipe: Oportunidade e Desafios" será tema de discussão na Aease
O cultivo da soja em Sergipe deixa de ser apenas uma remota possibilidade para tornar-se, graças aos estudos realizados nos últimos três anos por pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros, como algo inteiramente promissor e com área já aprovada para plantio pelo Ministério da Agricultura.

"O Cultivo da Soja em Sergipe: Oportunidade e Desafios" será tema de discussão na Aease (Foto: Assessoria Aease)
A robusta cadeia produtiva da soja será discutida às 20h da próxima segunda-feira dia 8, no auditório da Associação dos Engenheiros Agrônomos - AEASE, localizada na Avenida Beira Mar.
Na avaliação dos pesquisadores, a soja desponta como uma cultura altamente viável para o produtor que queira iniciar-se em mais uma oportunidade econômica a ser explorada nos campos sergipanos, com perspectivas de, em médio prazo, vir a assumir os primeiros lugares no ranking das mais dinâmicas safras, a exemplo do que é hoje o milho para o estado.
Por conta deste novo cenário, o presidente da AEASE, engenheiro agrônomo Fernando de Andrade, atento às necessidades e interesses dos agricultores, da categoria agronômica e, por extensão, da sociedade sergipana e, bem assim, consciente da importância do assunto como grande vertente estratégica para o desenvolvimento agrícola do estado de Sergipe estará promovendo a palestra Cultivo da Soja: Oportunidades e Desafios, que será aberta ao público, e proferida pelo engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Dr. Sérgio Oliveira Procópio.
“É impressionante a evolução cultural da soja. A soja (Glycinemax) que hoje cultivamos hoje é muito diferente das suas ancestrais, que eram plantas rasteiras que se desenvolviam na costa leste da Ásia, principalmente ao longo do Rio Yang-Tse, na China”, explicou o pesquisador Sérgio Procópio, ao lembrar que sua evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais entre duas espécies de soja selvagem que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China.
O especialista enfatiza que sua importância na dieta alimentar da antiga civilização chinesa era tal, que a soja era considerada um grão sagrado, com direito a cerimoniais ritualísticos quando do plantio e da colheita.
“A possibilidade ainda, da soja constituir-se como uma grande alternativa de diversificação, principalmente com a cultura do milho e da cana, aumentando a sustentabilidade econômica e ambiental da região, reduzindo a vulnerabilidade inerente aos monocultivos tradicionais”, lembrou o pesquisador.
A soja é a mais importante oleaginosa cultivada no mundo, e é a cultura agrícola de maior importância nacional, ocupando uma área de aproximadamente 34 milhões de hectares, representando mais de 50% de toda a produção brasileira de grãos.
O grão protéico e oleaginoso apresenta 40% do seu peso seco formado por proteínas e 20% por óleo. Comumente a soja é explorada com duas finalidades: produção de óleo vegetal e produção de farelo para alimentação animal. Entretanto, a cadeia produtiva da soja é bastante robusta, sendo empregada na alimentação humana e animal, além da produção de bicombustíveis, cosméticos, entre outros produtos.
O cultivo da soja no Brasil ainda é relativamente recente. Apesar de ter sido trazida dos Estados Unidos em 1882, ela só veio a assumir importância econômica em meados da década de 1960, impulsionada pelo crescimento do cultivo do trigo na região sul.
A produção brasileira, que era de 1,5 milhão de toneladas em 1970, saltou para 75 milhões de toneladas anuais, sendo superada somente pelos EUA. A produtividade média da soja também cresceu em ritmo acelerado, saiu de 700 kg/ha em 1941 para 3.106 kg/ha em 2010.
Em Sergipe, a Embrapa desenvolveu 55 cultivares no seu campo experimental localizado na cidade de Frei Paulo, em 2013, tendo obtido bons resultados de produtividade, inclusive acima da média brasileira, o que levou a recomendação da exploração da cultura nas zonas de tabuleiros costeiros e no agreste sergipano.
Os pesquisadores também identificaram regiões englobam municípios de Sergipe, Alagoas e da Bahia com significativo potencial e comparados com regiões dos estados do Maranhão, Tocantins e Piauí e Bahia, que compõem um dos mais pujantes pólos de produção de grãos no país.
Segundo o agrônomo Sérgio Procópio, a união desses três estados nordestinos gera um fortalecimento territorial que pode facilitar a atração de investimentos públicos e privados, voltados ao desenvolvimento agrícola.