Indústrias de Sergipe anunciam novos investimentos para atender à alta demanda da próxima safra de laranja
Sistema Faese/Senar visita Maratá Sucos e Tropfruit e confirma ampliação de capacidade e novos projetos industriais no estado.

Após passar por uma das maiores safras de laranja das últimas décadas, as indústrias sergipanas se preparam para um novo ciclo de expansão. Em visita técnica realizada pelo Sistema Faese/Senar às empresas Maratá Sucos e Tropfruit, localizadas no município de Estância, foram anunciados novos investimentos e ampliações na estrutura industrial, voltados a atender à crescente produção de laranja em Sergipe e Bahia.
A iniciativa faz parte do acompanhamento permanente que o Sistema Faese/Senar realiza junto à cadeia produtiva da citricultura, buscando alinhar estratégias entre produtores e indústrias para garantir o escoamento e a valorização da produção
Maratá Sucos amplia estrutura e anuncia novas extratoras
Durante a visita, o Grupo Maratá informou que, diante da supersafra registrada em 2025 , quando chegou a receber até 200 caminhões por dia, com pátio lotado, decidiu ampliar sua capacidade de processamento em 20%.
A empresa anunciou a aquisição de cinco novas extratoras, que entram em operação entre fevereiro e março de 2026, totalizando 25 máquinas em funcionamento e elevando a capacidade para 1.100 toneladas processadas por dia.
“O volume de fruta chegou a níveis que não víamos há alguns anos. Hoje, mesmo com o mercado desaquecido, estamos nos preparando para o futuro, com foco em eficiência, armazenamento e qualidade”, explicou Rodrigo Santana, gerente de controladoria da Maratá Sucos.
Atualmente, cerca de 60 caminhões aguardam descarga diariamente na unidade, número que chegou a 200 no pico da safra, quando a fábrica passou a operar inclusive aos domingos.
Segundo Carol Vieira, diretora da Maratá, o investimento em tecnologia e armazenamento é estratégico. “Instalamos oito novos tanques refrigerados, cada um com capacidade para mil toneladas, e ampliamos o volume de tambores refrigerados, tanto em Estância quanto em unidades de apoio na Europa. Isso garante segurança para o escoamento internacional e nos prepara para as próximas safras”, destacou.
Tropfruit celebra 25 anos com expansão e nova fábrica na Bahia
Na Tropfruit, que completa 25 anos de atuação, o foco é a expansão industrial e a inovação tecnológica. A empresa, que exporta para 32 países e tem o suco de laranja como carro-chefe, responsável por 70% da produção, anunciou a construção de uma nova fábrica de laranja em Inhambupe (BA), dentro da própria fazenda do grupo.O projeto, que deve iniciar operações em meados de 2027, contará inicialmente com 20 extratoras, podendo chegar a 36 unidades.
De acordo com a direção da empresa, a Tropfruit também está ampliando sua estrutura em Estância, com a instalação de novos tanques de refrigeração e linhas de ultrafiltração, tecnologia que melhora a clarificação do suco e aumenta o rendimento do produto final.
Além disso, a empresa já prevê a instalação de quatro novas extratoras em janeiro de 2026, o que representa um acréscimo expressivo na capacidade de processamento diário.
“A laranja continua sendo o principal produto da nossa linha, mas também investimos fortemente em sucos tropicais, como maracujá, caju e abacaxi. Mesmo com a retração de 15% no consumo de sucos no Brasil, seguimos apostando em tecnologia e sustentabilidade”, explicou representante da Tropfruit durante a reunião.
A empresa também reforçou sua atuação no mercado externo, exportando suco concentrado e óleo essencial de laranja, produtos com apelo sustentável e alto valor agregado. “Nosso óleo essencial, o d-limoneno, é amplamente usado nas indústrias alimentícia e cosmética. A diversificação é um dos nossos diferenciais competitivos”, acrescentou o administrador Diorane Araújo.
Análise e perspectivas
A economista da Faese, Paloma Gois, destacou que as indústrias estão reagindo de forma estratégica ao novo cenário.
“As empresas estão se preparando para manter a competitividade, mesmo diante da queda no consumo e dos altos custos logísticos. Os investimentos anunciados pela Maratá e pela Tropfruit fortalecem a cadeia da citricultura e criam condições para um crescimento mais sustentável nos próximos anos”, avaliou.
O supervisor da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), Isau Almeida, reforçou que o aumento da produtividade nas fazendas também tem impulsionado as indústrias.
“A próxima safra apresenta perspectivas animadoras, com crescimento expressivo nas áreas cultivadas e maior eficiência nos pomares. Esse avanço é fruto de manejo mais técnico, genética melhorada e adoção de práticas sustentáveis. A ATeG tem apoiado os produtores para que mantenham a qualidade e evitem perdas mesmo com a volatilidade dos preços”, explicou.
Para o presidente do Sistema Faese/Senar, Gustavo Dias, o cenário demonstra maturidade e cooperação dentro da cadeia produtiva.
“Estamos vendo um movimento importante de investimentos que reforça o potencial de Sergipe como um dos principais polos citrícolas do país. A Faese continuará acompanhando de perto, unindo produtores, técnicos e indústrias na construção de um setor cada vez mais competitivo e sustentável”, afirmou.
Com o fortalecimento das parcerias entre produtores e indústrias, o estado dá mais um passo na consolidação de uma cadeia produtiva sustentável, capaz de gerar emprego, renda e competitividade para o agronegócio sergipano.